Depois da festa no Sítio Trindade – com destaque para a gastronomia de terreiro – Xangô volta a ficar em evidência amanhã, 28. Dessa vez, em seminário a ser realizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Aberto ao público, o evento terá palestras, rodas de conversa, oficinas de balé nagô, apresentações culturais e comidas utilizadas como oferendas ao orixá do fogo, como o birigui e o amalá. O encontro será uma oportunidade não só para celebrar a divindade, como também para divulgar a marcante presença afro em nossa cultura. No sincretismo religioso, tão comum no Brasil, Xangô corresponde ao comemorado São João da Igreja Católica.
O Seminário assinala os 73 anos do Amalá de Xangô, celebração realizada no Ilê Obá Aganjú Okolayá – Terreiro de Mãe Amara (de matriz africana de tradição Nagô Egbá), que fica no bairro de Dois Unidos, Zona Norte do Recife. Para os que não sabem: o Amalá é um ritual devotado a Xangô. Ou seja, uma celebração específica para o orixá do fogo, com caráter festivo, e na qual a divindade e os filhos de santo confraternizam. Durante o encontro, são oferecidos a Xangô o amalá e o berigui, duas iguarias de sua predileção. A celebração é realizada sempre no mês de junho (devido ao forte sincretismo entre aquele santo católico e Xangô) e é reconhecida como Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
O tema do Seminário é 73 anos de Amalá de Xangô, Axé e Axós – Terreiro de Mãe Amara: Matrifocalidade, Protagonismo e Resistência Negra das Mulheres de Axé no Xangô Pernambucano. O encontro é aberto ao público e terá dez horas de duração, com intervalo de duas para almoço. A programação começa às oito da manhã, com exposição de banners com trabalhos acadêmicos. Às nove, tem palestra de abertura sobre 73 anos do Amalá de Xangô (Lua Durand, cientista social). Às 9h40, tem Canto para Orunmila (Grabriela Sampaio, Yapebeti do Terreiro de Mãe Amara). Às 10h, acontece Mesa de Produção Acadêmica Religião AfroBrasileira (com antropólogos, sociólogos, yabás).
Depois do intervalo para almoço, o encontro é retomado, às 14, com o tema Matrifocalidade dos Terreiros (Ester Bueno, antropóloga). Em seguida, palestra sobre Resistência e protagosnimo das mulheres de Axé (Com Vera Baroni, advogada e Yabassé do Ilê Obá Aganjú Okoloyá). Em seguida, será abordado O Culto a Xangô (Iyalorixá Cláudia Oxum). Tem, ainda, oficina de dança com Introdução ao método Nagô Ajo (Hellayne Sampaio). Entre 17h e 18, haverá Xirê para os orixás (Maria Helena Sampaio). O evento será encerrado com um cortejo para a Bandeira de São João, com o Grupo de Coco Chapéu de Palha.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Andréa Rego Barros/ Divulgação PCR/ Arquivo #OxeRecife