Se a moda pega… O #OxeRecife noticiou na segunda-feira, a iniciativa de um grupo de empresários para prática de turismo sustentável, na Praia dos Carneiros, no município de Tamandaré, localizado a 158 quilômetros do Recife. Foi durante as festas de final de ano. O cuidado foi tanto, que até a habitual chuva de prata – tão comum em comemorações – foi substituída por pétalas de flores (foto), totalmente degradáveis. Perfeito, não? Nem tanto. Leitor do #OxeRecife faz queixa oportuna, mostrando que as areias de bons trechos daquele paradisíaco pedaço do Litoral Sul estão praticamente “privatizadas”.
E é difícil aceitar isso, porque – pelo menos em Pernambuco – praia sempre foi uma diversão democrática, barata e acessível a todos. Praia livre é uma tradição tão nossa, quanto a gratuidade para seguir os blocos, durante carnaval. Val Tavares mostra, no entanto, que em Carneiros não é bem assim. Ali, ocorreu um réveillon de cinco dias, com gente badalada, convidados famosos do Brasil e do Exterior, muita gente vip. Na ocasião, foi desencadeado um plano de sustentabilidade que se prolonga por uma década, o que é louvável. Mas… cadê a democratização da praia?
“O projeto é importante para a conscientização do meio ambiente, não para proibir o acesso de pessoas à praia”, reclama o leitor Val Tavares, que organiza trilhas e treinos por praias e pela Mata Altântica, incluindo as do Litoral Sul, como Tamandaré e Carneiros. “Nesta área, todos os acessos à praia são por bares ou restaurantes, hotéis e pousadas e só quem está está hospedado tem acesso ao mar, por exemplo”. O que, claro, não é bom para nenhum banhista com menor poder aquisitivo. Ele lembra que só em um pequeno trecho, existe uma rua, logo após o posto de combustíveis, pela qual a população em geral tem acesso ao mar, aquela maravilhosa bênção da natureza. Ele informa que andou muito “até descobrir uma rua com uma pequena passagem para moradores da rua, veranistas”. E reclama: “É uma praia privatizada”
“Só por essa via, que dá acesso à praia de Tamandaré, que há uma entrada para a praia (de Carneiros),” reforça ele. Conclui: “Não podemos privatizar as praias brasileiras, onde só quem tem acesso são os ricos”. Está correto, Val. A praia tem sim, que ser de todos. E todos têm que ter a responsabilidade, também, de zelar por ela. Em algumas áreas do Brasil, tem sido cobradas taxas altíssimas de ônibus, para evitar o acesso dos chamados “farofeiros”. Sinceramente, não sei se é por preconceito social das autoridades ou porque não zelam pela limpeza. Bastava ter um fiscal, no local onde ficam os ônibus, para cobrar a volta do lixo, cada um no seu saquinho, não é não? Em Itamaracá, no Litoral Norte, onde a entrada só se dá por uma via, essa iniciativa seria de fácil controle. No entanto, a Ilha está afugentando os turistas, com um lixão em cada esquina. E a culpa não é só de “farofeiros” ou veranistas. O poder público simplesmente não trabalha a limpeza como deveria. Nem com prevenção, nem com ação. Ufa!.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação
