Capibaribe recebe água de esgoto limpa

Não é novidade que o Capibaribe é uma das principais vítimas do déficit de esgotamento sanitário no Estado. No Recife, a situação é crítica: a quantidade de domicílios ligados à rede não chega a 40 por cento. E, segundo a  própria Compesa, só 60 por cento do que é oficialmente coletado passa por tratamento, o que é um verdadeiro absurdo, em pleno século 21. Ou seja, o nosso “cão sem plumas”, na verdade, nada mais é hoje do que um esgoto a céu aberto, como são os canais que cortam a cidade. Pouco a pouco, no entanto, essa situação começa a mudar. Nem acreditei quando vi, hoje de manhã, tubulação  oficial de esgoto despejando água limpa, depois de tratada, no nosso querido rio, no bairro de Apipucos.

Ainda falta muito, para que o Capibaribe recupere os seus tempos áureos, quando as pessoas – inclusive nossos avós – utilizavam as suas margens como estação de veraneio. O próprio Manuel Bandeira, o poeta, fala do seu primeiro “alumbramento”, que teria ocorrido na casa de onde a família passava o verão, no bairro da Várzea. Hoje, poucas pessoas se atrevem a utilizar o rio para nadar, se refrescar. Só quem vive dele – como os catadores de caranguejo e pescadores- se arriscam, metendo-se em suas águas. E muitos se queixam de doenças na pele, provocadas pela sujeira.  Hoje, no entanto, fiquei muito feliz, em minha caminhada matinal, quando vi que as caixas de concreto imensas (Etex 10), construídas há longo tempo na margem do Rio, em Apipucos, finalmente começam a ter utilidade, contribuindo para reduzir a poluição do nosso patrimônio fluvial. Operários que trabalham em sua recuperação, me mostram a água cristalina (que antes era cocô) sendo despejada. E nem disfarçaram o orgulho, quando atenderam a essa andarilha curiosa.

extex-apipucos

Sem o sistema funcionar, muito esgoto do bairro foi jogado no Capibaribe sem tratamento adequado.  Com a estação de tratamento Etex 10 recuperada, a coisa muda. Ela passou décadas abandonada. Os trabalhos se encerram em dezembro, mas a água jorra limpa no Rio, segundo observei. Deu até uma emoção, porque isso é uma cena tão rara no Recife. O que a gente vê, é sempre o contrário. E a obra nem é cara: R$ 400 mil foram investidos na recuperação.  De acordo com a Compesa, o  trabalho realizado em Apipucos é um entre as 150 unidades de tratamento recuperadas, através da Parceria Público Privada Compesa/ Odebrecht Ambiental. A PPP informa, ainda, que  foram recuperados 1.200 quilômetros de rede de esgotos e mais de 3.500 quilômetros de tubulações passaram por limpeza. #OxeRecife deseja que todo o esgoto que corre para o rio seja transformado em água tratada. Como a que a blogueira viu em Apipucos.

(Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife)

 

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