Leitor e companheiro de passeios a pé pelo Recife – em grupos como o MeninXs na Rua ou o Caminhadas Domingueiras – o amigo Agenor Tenório tem razão. Capiba (1904-1997) merece mais. O nosso Lourenço Barbosa (era esse o seu nome de nascimento), autor de mais de cem sucessos que viraram clássicos do nosso carnaval, não deve ser “homenageado” com uma praça abandonada, como a que vocês podem observar nas fotos, que foi instalada para preservar a memória do autor de frevos inesquecíveis, como Madeira que cupim não rói, Frevo da saudade e A pisada é essa,.
Mas infelizmente é o abandono o que a gente observa, na Praça Capiba, que fica bem pertinho da Rua Amélia, no bairro das Graças. O que se vê lá é pichação, palmeiras mal cuidadas, lixo pelo chão, gramado zero. O que, aliás, não é novidade no Recife, em se tratando de praças e parques, desde a gestão passada, quando o verde da cidade foi massacrado. Na gestão atual, até que houve uma pequena melhora nas praças e jardins , mas nenhuma iniciativa nessa área que nos faça brilhar os olhos.
No caso dessa Praça, é uma vergonha essa situação e ainda mais pelo papel que ela se propõe a desempenhar, que seria preservar a memória de um dos grandes personagens do nosso carnaval.
Engenheiro, Agenor Tenório é um grande observador das mazelas do Recife, que não são poucas. Foi graças a uma observação dele aqui no #OxeRecife, que a placa em homenagem a Cândido Pinto (vítima da ditadura), voltou a uma cabeceira da Ponte da Torre, após sumir depois dos serviços de manutenção ali executados pela Emlurb. Agora, vamos esperar que a empresa responsável pela limpeza pública e manutenção do Recife dê um banho e loja na praça em homenagem a Capiba, à altura do seu talento e similar a homenagens prestadas a outros artistas pelas autoridades de seus respectivos municípios.
Agenor desabafa:
“Capiba de jeito nenhum merece essa praça como homenagem. Ele foi um dos maiores e melhores compositores brasileiros, eclético nos estilos musicais e especialista em frevos de alta qualidade e ainda fiel à sua terra. Deixou composições extraordinárias e imortais. Enquanto Tom Jobim deu nome a importante aeroporto do Rio de Janeiro, Dorival Caymmi a uma grande praça em Salvador, e Luiz Gonzaga a um museu no Recife e outro em Exu, Capiba ganhou essa joça. Nelson Ferreira, do mesmo naipe é o nome de outra joça, que fica na Avenida Mário Melo.
Tem razão, o meu amigo. Passei pela “joça” e vi que a Praça Capiba está totalmente esquecida. Em petição de miséria mesmo. Um muquifo. De intacto, no local, só a placa ali colocada pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP), reverenciando o compositor e ressaltando a sua importância na cultura pernambucana, à qual prestou grande serviço até os 91 anos.
Agenor tinha chamado atenção para a situação da Praça Capiba já há algum tempo. Passei lá para checar e, sinceramente, a situação está ainda pior do que a denunciada pelo leitor. Há uma outra praça que também homenageia um grande mestre da nossa música popular, o Maestro Nelson Ferreira (1902 – 1976). Ela fica na Avenida Mário Melo, e era até engraçadinha, alegre e colorida. Na última vez que passei por lá, a situação era a mesma da Praça Capiba, abandonada e com lixo.
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Praça alegre e colorida na Mário Melo
A Praça Nelson Ferreira não é mais assim. Quer saber como ela ficou?
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Agenor Tenório / Foto do Leitor