Cannibal: Devotos, rock, punk e livro

Primeiro, a banda se chamava Devotos do Ódio. Depois, tirou o ódio. Virou Devotos. Consolidou-se no cenário musical de Pernambuco, e virou não só uma espécie de porta-voz dos morros, como também transformou-se em motivo de aumento da auto estima da população do Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife. E os seus integrantes estão aí, acontecendo. Neiton recentemente ganhou espaço nobre, com exposição no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam). Agora é a vez de Cannibal, que lança o livro Música para o povo que não ouve. O livro é editado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). E traz as letras da banda Devotos, escritas por quem?  Cannibal, claro.

A publicação vai ser lançada no sábado, 1 de setembro, às 16h, no Alto José do Pinho. Com direito a show do grupo. “A banda Devotos, formada por Cannibal, Neilton e Cello, conseguiu fazer a classe média subir o Alto José do Pinho, berço do grupo e de uma cena punk que surgiu no final dos anos 1980. Em 30 anos, o som instigante do punk rock hardcore foi pano de fundo para letras que deram voz aos problemas da comunidade. E ainda ajudaram a quebrar o estigma da violência das periferias. Devotos e outras bandas viraram matéria de jornais do Sudeste, que compararam a cena do Alto José do Pinho com o punk rock surgido em Londres em 1977”, lembra a Cepe.

A Cepe informa que a potência da voz, guitarra, bateria e baixo do Devotos nem sempre permitiram que as letras escritas por Cannibal fossem compreendidas por todo mundo. Daí a ideia de escrever  Música para o povo que não ouve, publicação editada pela Cepe, a ser lançada no dia 1º de setembro, a partir das 16h.  Editado como um fanzine, o livro de 196 páginas traz cerca de 90 letras e muitas fotografias dessas três décadas de estrada da banda, cartazes de shows, além de diversas matérias de jornal, e da história da formação e ascensão do grupo, contada por Cannibal e pelo diagramador do livro e produtor Marcus AsBarr.

No livro, Cannibal confessa que não tinha intenção de ser músico: “Quando conheci o movimento punk, aos 17 anos, não queria fazer música, queria panfletar, participar de passeatas, fazer parte das organizações dos shows, mas tocar não!”.Na publicação, o leitor vai encontrar também letras que só foram executadas no início da carreira da banda, e que nem sequer foram gravadas.   Uma das músicas abordadas no livro é  Meu País. Que entre outros versos, afirma: “Vivo tão feliz/ Esse é o meu país/ E todos que o amam/ Sabem a sua fama/ De país do carnaval/ da selva mundial/ Do Rei do Futebol/ Do extermínio do menor/ Sabemos do presente/ Qual será nosso futuro?/ Os menores estão morrendo/ Que país inseguro”. Precisa dizer mais?  Sábado, 16h, no Alto José do Pinho. Vamos lá?

Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife

Foto: Aline Sales/ Divulgação

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