Cannes: Aplausos para o Brasil e também para o Irã, pela resistência!

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Viva! Depois da estreia consagradora – com muito frevo e após ser aplaudido por treze minutos no último domingo – o filme “O agente secreto”, do “brasileiro”(como diz a Imprensa nacional)  Kleber Mendonça Filho (que é pernambucano) volta para casa com dois prêmios oficiais do Festival de Cannes: o de melhor diretor (Para o cineasta, claro) e o de melhor ator (para Wagner Moura). Palmas para ambos! Eles mereceeeeeeem!

Antes, o filme de Kleber já havia sido aclamado como melhor do Festival pela Fipresci, principal associação de críticos de cinema do mundo.  O júri foi presidido por ninguém menos que a atriz francesa Juliette Binoche (chique, não é?).  Desde o último domingo, quando estreou em Cannes, o filme de Kleber(foto acima) vinha chamando a atenção da imprensa, inclusive da França que o classificara de “virtuoso” e “espetacular”.

Antes, Kleber já marcara presença em edições anteriores do Festival, em Cannes, por quatro vezes, com os filmes  O Som ao Redor, Aquarius, Bacurau e Retratos Fantasmas, cada um melhor do que o outro. Embora, ao contrário da corrente que se formou, Bacurau tenha sido o que menos gostei.  Amei os dois primeiros, e super amei Retratos Fantasmas, que vi três vezes, e ainda levei os netos para assistir, servindo de “guia” sobre o que foi o centro do Recife e em que se transformou.

Wagner Moura foi escolhido o melhor ator no Festival de Cannes, prêmio até então inédito para o Brasil

Flando agora mais como cidadã do que cinéfila, pessoalmente, só tenho a comemorar  que filmes como “Ainda estou aqui” e “O agente secreto” cheguem ao pódio, pois são importantes não só do ponto de vista da sétima arte em si, mas também porque lembram os anos de chumbo da ditadura, nesses tempos de negacionismo e de distorções acanalhadas da nossa própria história. Claro, não vi ainda nenhum dos filmes exibidos em Cannes,em 2025.

Mas já que “O Agente secreto” não levou o prémio principal (embora, para nós, seja como se tivesse levado), não tenho como negar que também fiquei feliz de ver “A simple accident”, do iraniano Jafar Panahi , ser escolhido o melhor filme do Festival, pela sua competência, pela sua história e por tudo que o diretor representa diante das perseguições e prisões já sofridas no seu país.

Como sou fã de filmes iranianos e desse diretor principalmente – Táxi Teerã, Fora do Jogo, O Círculo, O Balão Branco entre outros – a sua vitória vem, também, repleta de simbolismos. Até porque ele já foi impedido várias vezes de comparecer a festivais de cinema, pelos governantes do seu país. Só para refrescar a memória: Quem não lembra  “Isso não é um filme”, de Jafar Panahi?. Ele foi feito em sua própria casa, quando estava em prisão domiciliar no Irã, devido à “ousadia” de sua arte. E, diga-se de passagem, na arte é preciso ousar. Viva, pois, o Cinema Brasileiro. E viva, também, para o cinema iraniano, que vai sempre fundo na alma das pessoas e nas mazelas de um regime político incompatível com o século 21.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: redes sociais

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