As Caminhadas Domingueiras estão de volta. Sempre sob a batuta do nosso guia-mor, o urbanista, arquiteto e consultor Francisco Cunha. A partir de setembro, elas voltam a ser mensais, sempre com o mesmo objetivo de conhecermos melhor, para aprendermos amar um pouco mais a nossa cidade, nem sempre tão bem tratada quanto merece. O percurso de hoje foi sobre São José que está no olho do Recentro. O Recentro é uma iniciativa criada pela gestão municipal, que tenta recuperar pelo menos um pouco do charme do que foi o Centro do Recife, com foco naquele bairro histórico e também no de Santo Antônio.
Para esclarecer melhor a proposta do Recentro, um dos técnicos do escritório, Paulo Cunha, caminhou conosco. Ele explicou que a Prefeitura está desenvolvendo esforços para revitalizar os dois bairros e até vem criando incentivos para estimular a moradia naqueles locais. Há isenções de impostos como IPTU, ITBI e até descontos de ISS (durante a construção) para quem fizer reformas em imóveis da área em questão. Quem quiser mais informação pode solicitar pelo e-mail recentro@recife.pe.governo.br. Algumas pessoas que estavam no grupo de mais de cem caminhantes mostraram interesse na empreitada.
Para o #OxeRecife, no entanto, três fatos estão bem claros: falta de critérios mais exatos na indicação de imóveis com direito à insenção de impostos; falta de sintonia entre o pretendido charme que o Recentro quer para a cidade e as intervenções apressadas e sem estética da Emlurb; também é preciso mais segurança. Durante nossa caminhada, encontramos monumentos vários que foram pilhados. Ao longo dos próximos dias, falaremos em detalhes de cada um desses problemas com os quais nos defrontamos. Hoje, vamos falar do maravilhoso passeio que fizemos, tendo o Pátio de São Pedro como ponto de partida e de chegada. Apesar de relativamente abandonado, o Pátio é lindo. “Quase medieval”, segundo Francisco Cunha, é nele que fica a Concatedral de São Pedro dos Clérigos, cuja construção teve início em 1728. “E uma maravilhosa referência de barroco não só para o Brasil mas para o mundo”, segundo o urbanista.
No percurso, pátios e igrejas, pois foi em torno deles – através das congregações religiosas – que o bairro de São José, por onde andamos, se desenvolveu. No roteiro, pátios como o do Terço e o do Livramento. Passamos por igrejinhas nem tão conhecidas, como a de Santa Rita de Cássia e a de São José do Ribamar. E também pela histórica Igreja do Terço, onde estão guardadas relíquias e vestes do grande herói e mártir de nossa história, Frei Caneca. Ao todo, passamos por cerca de 20 ruas, entre avenidas como a Dantas Barreto; ruas como a das Calçadas, das Águas Verdes, Coração de Maria; por bequinhos como o do Veado e o dos Martírios; por praças, como a Sérgio Loreto e a do Pirulito. Os passeios a pé, aos domingos, sempre nos mostram a cidade que, durante o movimento dos dias da semana, é impossível de se ver. Sem falar que São José tem riqueza cultural muito grande, sendo o berço do frevo e do maracatu. Nos próximos dias falaremos sobre outras impressões da caminhada, como pilhagens, intervenções urbanas inadequadas, falta de arborização, limpeza pública.
Abaixo, você confere outros passeios realizados pelo Grupo Caminhadas Domingueiras
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:Hans Von Manteuffell (cortesia) e Letícia Lins / #OxeRecife
