Caminhada das Pontes foi um sucesso

Hoje foi mais um dia de Caminhadas Domingueiras Olhe pelo Recife. E o tema escolhido foi um  que é a cara da cidade: o Recife e suas pontes. Afinal, o que seria da chamada “Veneza Brasileira” sem elas?  O grupo  comandado pelo arquiteto, urbanista e consultor Francisco Cunha foi imenso, tinha mais de 200 participantes, todas interessados em conhecer melhor a cidade em que vivemos. A Caminhada das Pontes percorreu seis das oito que cortam o centro nos bairros do Recife, Santo Antônio e Boa Vista.

O roteiro das pontes foi sugerido a Francisco por Iuri Maia Leite, Diretor Geral da Globo Nordeste, que participou da caminhada. Por isso, o roteiro hoje teve  até direito a cobertura da TV. A saída foi do Marco Zero. E o roteiro incluiu seis das oito pontes existentes no Centro: Maurício de Nassau, Seis de Março (mais conhecida como Ponte Velha), Boa Vista, Duarte Coelho, Santa Isabel e Buarque Macedo. Hoje o #OxeRecife vai falar apenas da  primeira, para vocês não cansarem. Mas no decorrer da semana haverá outras abordagens sobre o assunto. E por que o destaque à Ponte Maurício de Nassau? Porque foi a primeira com sua antiga extensão (o dobro da atual) a ser implantada no Brasil. Aliás, no Brasil não, na América Latina, como lembra nosso guia. É, portanto, uma ponte com muita história. Embora sua edificação, claro, não seja mais a original.

Ponte Maurício de Nassau perdeu os bonitos arcos das cabeceiras mas ganhou  quatro estátuas francesas.

Ela foi idealizada pelo Conde Maurício de Nassau, que precisava expandir o núcleo urbano do Recife (então limitado à região portuária). Ele pretendia ocupar a Ilha de Antônio Vaz, hoje formada pelos bairros de Santo Antônio e São José. Em 1641, foi lançado edital de concorrência. Um ano depois, a obra é iniciada. Porém seria depois paralisada (sim, naquele tempo também acontecia…). Temendo humilhação, Nassau teria colocado dinheiro do próprio bolso na construção da obra, já que estourara o orçamento quando faltava a construção de quatro pilares de pedra para sua conclusão.

Boi Voador povoa o imaginário popular: virou nome a bar,  de bloco de carnaval, até de canção de Chico Buarque.

A ponte terminou sendo inaugurada com a célebre história do Boi Voador, que tanto mexe com o imaginário da população do Recife. Nassau pensava em recuperar o dinheiro investido, e prometeu que faria um boi voar, a quem viesse para a festa de inauguração. Arrecadou  20.800 florins, aliviando os gastos com a edificação da obra. O boi era de palha, mas a população terminou amando a brincadeira, já que o boi realmente voou, atravessando o Rio Capibaribe pelo ar, preso a uma corda que foi acionada com uma roldana. Hoje, o Boi Voador revive em livros, nome de bar, bloco carnavalesco, teatro e até na famosa música de Chico Buarque (Boi Voador não pode).

E a julgar por documentos da época, a ponte ficaria linda ao longo do tempo. Ela tinha um arco em cada extremidade: o da Conceição e o de Santo Antônio. Passaria por reformas em 1683, em 1742, e provocou um acidente em 1815, quando uma parte cedeu.  Houve até vítimas fatais. Por isso, passou por outra reforma em 1865, dessa vez  recebendo estrutura de ferro. Mas a corrosão deixou a estrutura sem confiabilidade, e a ponte terminou sendo refeita em 1917, em concreto. Foi chamada também: Ponte do Recife  (1642-1861), Ponte Sete de Setembro (1861-1917) e, finalmente, Maurício de Nassau (de 1971 até hoje). Suas cabeceiras possuem belas estátuas, que foram encomendadas à Fundição Val d´Osne (França). Elas  representam: a Sabedoria, a Agricultura, o Comércio e a Justiça. No decorrer da semana, o #OxeRecife abordará a história e situação de outras pontes, inclusive a Ponte Velha (que me pareceu a mais detonada) além de dar boa notícia sobre a da Boa Vista.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Antônio Dantas (cortesia)/ Caminhadas Domingueiras
Foto Boi Voador: Divulgação/ Bar e Bloco Boi Voador

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