Caminhada abre Semana Burle Marx

Eram tantos os programas previstos para a manhã de hoje – praia, vários grupos fazendo  roteiros a pé, Música no Palácio – que terminei optando pelo mais didático, ofertado pelo Grupo Caminhadas Domingueiras Olhe Pelo Recife, que dedicou o passeio desse domingo à herança deixada em Pernambuco pelo paisagista  Roberto Burle Marx (1909 – 1994). Aliás, uma importante herança:  nada menos de 60 jardins, entre projetos públicos e privados. Dos públicos, seis são tombados pelo Iphan.

Coordenador das Caminhadas Domingueiras, o arquiteto e urbanista Francisco Cunha elaborou um roteiro de seis quilômetros, saindo da Praça do Derby, passando pela Euclydes da Cunha, Parque da Jaqueira e, por fim, Praça de Casa Forte, que vem a ser o primeiro projeto paisagístico da carreira de Burle Marx, tendo, portanto, grande importância histórica. Ele é tido como dos mais importantes paisagistas do século 20 do mundo, e marcou presença no Recife nos anos 30 do século passado. E a data foi oportuna: Burle Marx nasceu exatamente no dia 4 de agosto de 1909.

Para se ter uma ideia da importância do trabalho de Burle Marx, nada menos de seis jardins por ele projetados no Recife foram tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional): Praça de Casa Forte, Praça do Derby, Praça da República e os jardins do Palácio do Campo das Princesas (sede do governo estadual), Praça Salgado Filho (na frente do Aeroporto dos Guararapes) e Praça Farias Neves (em Dois Irmãos, em frente ao zoológico). Foram tombados em 11 de junho de 2015, o que significa que passaram a ter proteção federal.

O tombamento foi concedido depois de meticuloso trabalho do Laboratório de Paisagismo da Universidade Federal de Pernambuco, com apoio da Associação de Arquitetos Paisagistas e ainda o Comittee on Historical Gardens and Cultural Landscapes, entidade inglesa que dá consultoria à Unesco.  Em 31 de agosto daquele mesmo ano, os seis jardins tombados e mais nove outros foram reconhecidos como “jardins históricos” pela Prefeitura do Recife, tornando-se os primeiros espaços a serem enquadrados na categoria dentro do Sistema Municipal de Unidades Protegidas (Smup) , que havia sido lançado em 2014.

Ou seja, são considerados monumentos vivos pela riqueza de composição, arquitetônica e pela vegetação. Para os estudiosos, Burle Marx criou um paisagismo brasileiro, contrariando as regras de então, que obedeciam aos padrões europeus de jardinagem, principalmente os de inspiração francesa. Os outros espaços transformados, também em jardins históricos – embora não tombados pelo Iphan – são: Praça Pinto Damaso (Várzea), Entroncamento (Graças), Chora Menino (Paissandu), Maciel Pinheiro (Boa Vista), Praça Dezessete (Santo Antônio), Artur Oscar (mais conhecida como do Arsenal, no Bairro do Recife), jardins da Capela da Jaqueira (no Parque da Jaqueira), Largo da Paz (Afogados) e Largo das Cinco Pontas (São José). A caminhada abriu a Semana Burle Marx, que se estende até o dia 23 de agosto. Ao longo da  Semana Burle Marx, o #OxeRecife,  volta a abordar jardins e praças com a assinatura do famoso paisagista.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Caminhadas Domingueiras / Divulgação

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