É verdade que melhoraram muitas calçadas do Recife, que estavam impraticáveis. Foram refeitas as dos bairros da Torre, Boa Vista, Jaqueira, Graças, Areias. Mas há regiões da cidade onde caminhar virou uma atitude de risco. Já precisei engessar o pé por conta de uma torção no tornozelo, devido a calçada totalmente irregular, perto da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Isso há uns três anos. Pois ao fazer minha caminhada matinal do bairro de Apipucos – onde resido – ao Sítio dos Pintos, constatei que a situação agora é ainda pior. E que o perigo de acidente ronda cerca de 70 por cento do trecho percorrido, ao longo da Rua Apipucos, Rua Dois Irmãos e da Manoel de Medeiros. É buraco, é lixo, é tampa dupla de bueiro afundada, é ferragem exposta das tampas de concreto. Observem só a situação das duas “calçadas” das fotografias.
Acredito que tanto a Prefeitura quanto a Universidade Federal Rural de Pernambuco deveriam ter aproveitado o período de pandemia para recompor esses caminhos, pelos quais a movimentação de estudantes é grande em tempos de normalidade das aulas. No trecho, ficam ainda, o Parque Estadual de Dois Irmãos (com seu zoológico), o Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe), escritórios da Compesa, a Praça Faria Neves (que tem projeto de Burle Marx), bares, restaurantes e uma casa de recepções.
Ou seja, são caminhos de grande movimento. Há uns três anos, a Ufrpe restaurou algumas de suas calçadas, em áreas próximas à Reitoria, mas o trecho precisando de reparos é grande e não são só naquelas pertencentes à Rural. Há grande parte do trecho entre Apipucos e Sítio dos Pintos sem espaço para pedestre (tomados por lixo ou vegetação) enquanto em outros, onde elas são até largas, o concreto já se foi. Impraticáveis, por exemplo, para um cadeirante. E arriscadas, para qualquer pedestre, seja criança, jovem ou idoso. Calçadas nada cidadãs. Uma cidade sem calçadas dignas não tem nenhum respeito pelo contribuinte, que paga seus impostos para ter, pelo menos, o direito garantido de ir e vir com segurança.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife