Antigamente, o dia 7 de setembro era comemorado demais no Recife. Não só por conta das cerimônias cívicas da Independência, mas sobretudo porque a data marcava oficialmente a abertura da temporada de verão. Todo mundo ia à praia, se possível de maiô ou biquíni novos. No calçadão tinha banda, grupos de frevo, e algum torneio esportivo acontecia na areia. Quando o calor começava, tinha até o festival Vamos abraçar o sol, no qual a moçada dourada virava a noite na praia, esperando o dia amanhecer, para cair na água. Agora, isso não acontece mais. O dia 7 passou a ser um qualquer, em se tratando de verão. E o pior, o tempo endoidou de vez. Porque, sinceramente, a impressão que a praia nos dá é que o verão ainda nem começou.
Sábado fui lá, na praia de Boa Viagem, rotina que cumpro, aos finais de semana, desde a minha infância, sempre no mesmo local. O dia estava lindo. Solzão de verão. Mas ninguém entendia nada. A água estava gelada. Tinha gente até dizendo que “estava parecendo o mar do Rio de Janeiro”, que é conhecido pelo desconforto de sua temperatura. E estranhei a correnteza e a força das ondas quebrando nos arrecifes, mesmo com a maré baixa. O mar estava surpreendentemente rebelde. E o vento? Oxe, ventava tanto, que parecia até agosto. Uma festa, para os vendedores de pipas. Os praeiros realmente estão sem entender mais nada.
Agora, vou fazer três registros. Há a sensação de praia mais segura. Tinha mais policiamento no calçadão, onde vi número maior de duplas de laranjinhas (os Pms que andam de bonés cor de laranja). Segundo: a bagunça na areia é grande. Tem comida sendo feita na areia, com o fumaceiro e o fogaréu no meio dos banhistas. Terceiro, há muitos cachorros com os donos passeando, o que é proibido por lei. Detalhe, não vi nenhum dono de totó, mas nenhum mesmo, com saquinho para apanhar os “carimbos” que os animais deixam na praia. E tome cocô no pé. Constatei que, apesar disso, a praia está mais limpa. Não sei se por conta da campanha da Tv Globo e Prefeitura, com distribuição de saquinhos, ou se os banhistas estão mais cuidadosos do que no verão passado. Mas os ambulantes porcalhões continuam sujando, sempre nos mesmos lugares.
Alô, alô, Prefeitura, cadê a fiscalização? Tem que notificar, multar, suspender quem não faz o dever de casa. Porcalhão só cessa de sujar, quando a multa pesa no bolso. E tem muitos, na beira da praia. Quando deixam a sujeira na areia, todo mundo se sente no direito de fazer no mesmo local os seus descartes: ostras, garrafas, casca de coco, latas, espinhas de peixe, um horror. Os espetinhos continuam sendo vendidos e preparados na hora. Um risco, porque tem quem jogue os palitos na areia. Já presenciei muitos acidentes, por conta disso. E esta semana, um garoto de seis anos quase se queimava no rosto, com a labareda, enquanto aguardava o churrasquinho. Fazer comida na praia é proibido. Mas quase todos fazem. Por fim, o maior desconforto, que é o carrinho de venda de CDs piratas. Um barulho infernal. Parece até um trio elétrico. Então, está na hora de voltar para casa. Porque é inconcebível ficar na areia, sem ter o direito de ouvir o barulho das ondas do mar. Cadê a repressão? Por venda ilegal e crime ambiental. Poluição sonora é crime. Esqueceram, foi?
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife