Cadê a fiscalização em Boa Viagem?

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Estava sentindo muita falta de um banho de mar, e decidi retomar a rotina de frequentar Boa Viagem aos finais de semana. Mas por conta da pandemia, é preciso alguns cuidados. Principalmente em relação ao horário. Chego por volta de 6h30m, quando a praia está quase deserta (foto acima) e saio antes das 10h, que é quando a areia começa a ficar superlotada (foto abaixo), com banhistas chegando de todos os cantos da cidade.

E nesse domingo, como a maré já estava baixando logo cedo – a preamar tinha sido às 4h38m – deu para caminhar, mergulhar, nadar um pouco. O problema é que as medidas de proteção sanitária passam longe da beira-mar. Primeiro, não vejo os barraqueiros higienizarem as cadeiras de uso comum, entre um cliente e outro. E os usuários também não levam produtos de limpeza para compensar a falta de cuidado dos vendedores. Por via das dúvidas, comprei uma cadeirinha de praia e levo minha garrafinha com água para beber. Dois: uso de máscara na areia e no calçadão não era visto nem em dois por cento das pessoas com quem cruzei. Fui mascarada, e ainda levei três na bolsa, no caso de necessidade, já que a proteção se reduz quando ela está úmida. Tirar, só no mar. Porém, diante do calor imenso, muitos barraqueiros também tiraram suas máscaras. No mar, uma senhora começou a conversar comigo. Sem máscara, claro. Porque estávamos na água.

Mantive o distanciamento. Mas ela dava quatro passos para frente, e eu quatro para trás. Ela dava quatro para frente. Resolvi vir embora. Não dá. Pandemia à parte, nem oito anos de gestão nem seis meses de praia vazia foram suficientes para a Prefeitura conseguir administrar o problema do lixo da areia. Isso no que diz respeito aos barraqueiros. Há uns que zelam pela limpeza. Mas outros…  fazem seus descartes, aos montes, do mesmo jeito de antes. Permanecem jogando todos os tipos de resíduos – cascas de coco, latas, depósitos de plásticos, cascas de ostras, restos de comida, embalagens de pacotes de cerveja – na areia, principalmente no espaço que fica entre o paredão que dá para o calçadão e as suas carroças.

Será que os seis meses sem praia não deviam ter sido utilizado para dar um curso de limpeza e meio ambiente para esse povo? Como os porcalhões são sempre os mesmos, não é difícil notificar, punir, cassar o registro se ele não faz o dever de casa. Como nada disso acontece, a gente conclui que a gestão pública deve achar bonita essa cena. A outra coisa é que outubro chegou, novembro já está à porta com o verão, e permanece calamitosa a situação dos bancos de concreto do calçadão, inclusive com ferragens expostas, com risco para os usuários. Um péssimo cartão postal para o turista… Se Boa Viagem – cartão postal da cidade –  é tratada desse jeito… imaginem o resto do Recife.

Dia de sol, areia, água, e poucas máscaras em Boa Viagem:

 

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Texto, foto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

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