Busca por cirurgia virou calvário

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Na campanha eleitoral, cada candidato prometia uma providência, para melhorar o atendimento de saúde à população. No Recife, teve um que anunciou a construção do Hospital do Idoso. Outro disse que construiria o Hospital da Criança. Teve quem assegurasse que ia acabar com as filas nos postos de saúde, que qualquer pessoa poderia marcar consulta por telefone. Houve, também, quem exibisse imagens no Guia Eleitoral mostrando que as Upas, upinhas e postos de saúde da família funcionam tão bem, que parecem até um paraíso. Mas quando a gente conversa com a população, vê que a situação não é bem assim. E que e está muito longe de ser o que mostra a propaganda oficial.

Luciano Timóteo, 51, pequeno comerciante no Mercado Público do Jordão de Baixo é um exemplo. Por muitas vezes, procurou atendimento no Posto de Saúde que fica perto da sua casa, no Jordão de Baixo, no Recife. Não conseguiu uma só vez, ser observado por um médico.  Ele tem uma hérnia há oito anos. E há seis – “quando a situação começou a piorar” – que precisa se operar. Mas não conseguiu nada do que pretendia. Passou inclusive os últimos doze meses tentando marcar a cirurgia.  E está cansado de peregrinar de unidade em unidade de saúde no Recife. Procurou, então, atendimento no Posto de Saúde da UR-11, já no lado de Jaboatão dos Guararapes. Terminou conseguindo fazer os exames e o encaminharam para o Hospital de Prazeres. O problema é que quando ele consegue atendimento, todos os exames realizados já estão vencidos. E aí, começa tudo de novo. Ele desistiu de tentar. Mas não sabe quando poderá se operar.

“Eu estou cansado de ser jogado de um canto para outro”, lamenta. E diz que já tomou uma decisão: “Vou deixar de procurar o serviço público, trabalhar dobrado e ganhar dinheiro para me operar com um médico particular”.  O problema é que Luciano não pode fazer esforço. E teme que aconteça com ele o que ocorreu com dois amigos que sofriam da mesma doença. “Um esperou, esperou, não conseguiu fazer a cirurgia e a hérnia estrangulou”, recorda. “Mas aí ele conseguiu se operar, porque era uma emergência”. O outro fato ocorreu com o pai de um colega. “Ele também penou por atendimento. Como era motorista de caminhão, um dia teve que fazer esforço para mudar o pneu, e morreu lá mesmo, na estrada”, relata. Luciano não é exceção. “Saúde no Ibura é cruel. Esperei um mês por uma consulta, depois de subir muitas vezes uma escadaria, saindo de casa às quatro da manhã, para ver se achava uma vaga”, diz Sílvia Gonçalves da Silva, residente naquele bairro.

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