Brumadinho: 125 hectares de florestas e vidas humanas destruídas

Compartilhe nas redes sociais…

O #OxeRecife  é voltado para os problemas da nossa cidade. Mas por amor à natureza e respeito ao direito à vida, não tem como se omitir diante do rompimento da barragem da Vale do Rio Doce, em Brumadinho, Minas Gerais. Ela estourou menos de uma semana depois que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, disse em Davos (na Suíça), que “somos o  país que mais preserva o meio ambiente”. Será?  O que aconteceu naquele Estado era uma tragédia anunciada, a julgar por depoimentos de especialistas e políticos que analisaram a situação do reservatório da mineradora e que, agora, estão voltando à tona. Ou seja, o desastre que ocorreu, não foi por falta de aviso.

E as autoridades nem a empresa tomaram providências para poupar vidas. Vamos ver como o novo governo se comporta, em relação a esse tipo de crime, já que o descaso foi herdado dos anteriores. Todos os especialistas no assunto afirmam que o sistema de armazenamento de rejeitos provenientes da mineração é obsoleto e perigoso. Como se não bastassem as 84 mortes já computadas e os mais de 270 desaparecidos, o acidente (provocado por irresponsabilidade de empresa e omissão das autoridades) destruiu também 125 hectares de florestas. Ou seja, o “equivalente a 125 campos de futebol, ou mais de um milhão de metros quadrados”. O cálculo e a comparação são  da WWF-Brasil, organização não governamental respeitada internacionalmente e que luta pela preservação da natureza.

Informa ainda a Ong que a área onde ocorreu o acidente é de formação florestal da Mata Atlântica em transição para o cerrado. Com a tragédia, os blocos de florestas sofreram fragmentação e ficaram sem a necessária conectividade entre as áreas.  Os números foram levantados com base em cruzamento informações do Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil (MapBiomas) de 2017, e imagens de satélite divulgadas no domingo (27) pelo Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, Defesa Civil Nacional e International Charter Space & Major Disasters. Lembra, ainda a WWF-Brasil que “a vida aquática acaba onde a lama se acumula”. E que a fauna terrestre que depende do curso do rio também está impactada. A ong adverte, ainda, para o risco de contaminação do Rio São Francisco, já que o Rio Paraopeba é um dos seus afluentes.

No Forum Econômico Mundial, o Presidente também lembrou que “nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós” . É.  Temos cerrado, caatinga, Mata Atlântica, Amazônia. Agora, se o capitalismo selvagem continuar tratando as vidas humanas e a natureza com o desdém que acomete Minas Gerais pela segunda vez, fica difícil, aqui e lá fora, acreditar no que anda dizendo o capitão. Vamos esperar, pelo menos, que ele cumpra o que prometeu, no que diz respeito “à compatibilização entre a preservação do meio ambiente e a biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico”, lembrando que “não são independentes e indissociáveis”. O que a sociedade tem que fazer é fica alerta. Porque desse jeito, não tem vida humana, animal, nem vegetal que resista. Sinceramente, no meu entender, desenvolvimento econômico é outra coisa. E não apenas o vil metal, que ceifa vidas. Até ontem à noite, as prisões eram três. Devia ser de todos os executivos da empresa, que só agora – depois do leite derramado – anuncia que vai acabar com as barragens com modelo igual às de Brumadinho. E por que a mineradora não fez isso antes?

Leia também:
Aves brasileiras são alvo de tráfico
Plásticos viram vilões de tartarugas
As “matas” de cimento em Paulista
Mais matas devastadas em Paulista
Matas estão sumindo em Paulista
Matas urbanas do Recife em discussão
Visite o Legado das Águas
Devastação na Mata Atlântica

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação/ WWF-Brasil

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.