Criado em 1965, e tido como o melhor do Nordeste, o Jardim Botânico do Recife começou a desenvolver um trabalho digno de registro: a reintrodução ao ambiente natural de plantas nativas que estão ameaçadas. Entre elas, alguns tipos de bromélias e de cactos, vegetais rústicos e de grande beleza que viraram o xodó das lojas de plantas ornamentais em todo o país.
As espécies escolhidas para a iniciativa constam na Livro Vermelho do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). São vegetais que enfrentam, portanto, algum grau de risco de extinção. Pernambuco tem cerca de 40 espécies vegetais sob ameaça. E dezesseis delas já foram coletadas e propagadas pela equipe do JBR e estão sendo plantadas em matas que ficam no Recife.
“Estamos realizando expedições para coleta das 16 espécies em questão, das quais cinco já vêm sendo preparadas para a devolução experimental à natureza”, afirma Jefferson Maciel, analista ambiental do JBR. Entre as cinco espécies já em fase de reintrodução encontram-se três tipos de bromélias, que passaram a ser mais valorizadas em ambientes urbanos e projetos de jardins através de Burle Marx (1909-1994), um dos paisagistas mais famosos do mundo. As bromélias brotam em solos áridos e até mesmo em superfícies rochosas, mas também são encontradas em biomas como a Mata Atlântica, onde o JBR está inserido. Segundo Maciel, entre as cinco primeiras espécies que serão reintroduzidas três são de bromélias: a Aechimea muricata, também conhecida como bromélia gravatá;. a Canistrum aurantiancum e a Cryptanthus zonatus. “Esta última já estamos inclusive identificando as suas preferências ecológicas”.
Também foi escolhido o Melocactus violaceus (foto vertical), popularmente conhecido como coroa de frade. “A espécie ocorre perto do mar em todo o Brasil e foi propagada in vitro”, conta. Além das bromélias e do cacto, uma outra espécie bem especial também integra a experiência: a Caesalpinia echinata, planta popularmente conhecida como pau-brasil, que deu origem ao nome do nosso país e que chegou à beira da extinção. No Brasil colônia, ela era abundante no trecho compreendido entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Norte, em uma faixa de aproximadamente 150 quilômetros do Litoral ao interior, mas que foi explorado à exaustão entre os séculos 16 e 19 pelos colonizadores.
Sua madeira produzia um corante vermelho que era muito apreciado para tingir roupas da aristocracia europeia. E sua madeira é considerada como a melhor do mundo para a produção de arcos para violinos. Nos séculos posteriores, árvore sucumbiria para dar espaço à agricultura, inclusive a açucareira. Ao contrário de outras espécies ameaçadas, como as bromélias (foto ao lado) o pau-brasil é de fácil germinação, e é sempre doado a escolas e outras instituições.
Tenho duas plantadas na rua, ao lado da minha casa. Na época de floração, elas deixam o ar totalmente perfumado. O pau-brasil só não desapareceu do mapa devido ao esforço do professor Roldão de Siqueira Fontes que nos anos 70 do século passado, começou a propagar mudas da árvore por todo o país e fez disso sua principal missão de vida. Hoje há bosques da espécie espalhados em vários locais do país. Já o JBR funciona de terça a domingo, das 09h às 15h, com entrada gratuita. O equipamento ambiental segue todas as recomendações das medidas de prevenção e combate ao novo coronavírus. Possui oito jardins temáticos e espécies de biomas tão diversos quanto a Mata Atlântica, a Caatinga, Amazônia e o Cerrado. Também tem espécies exóticas, de locais tão distantes quanto a África, a Ásia e a Oceania.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Jefferson Maciel / Cortesia/ JBR