É claro que toda cidade necessita de ruas humanizadas, sem acesso a automóveis, com espaços que se transformem em pontos de lazer e de convivência. Eu mesma sou fã. Não vejo a hora, por exemplo, de o Parque Capibaribe avançar. Fui visitar o boulevard da Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, que foi inaugurado no último dia 21. Valeu a intenção dos órgãos oficiais, mas o achei meio inóspito. Faltam canteiros com plantas decorativas, mais mobiliário, mais aconchego e charme nos quiosques.
Fiz uma “viagem” no Google, pelos boulevards existentes no mundo, e observei que todos são muito arborizados. Alguns até bem floridos. Se é para humanizar, também ficou muito esquisita a colocação de canos verticais, para delimitar os espaços. Por que não jarros com plantas? Já não bastam os brutais gelos baianos em nossa paisagem? Os bancos somam dezoito ali colocados, sendo seis sem encosto. Mas encontrei-os praticamente vazios, porque boa parte fica sob o sol. Havia pessoas conversando em apenas três deles. De qualquer maneira, um “boulevard” já é melhor do que nada. O custo da implantaçãofoi de R$ 5,5 milhões.

Os recursos para sua implantação vieram do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sendo que as obras foram executadas pelo Governo de Pernambuco. Pensei que fosse da Prefeitura. Em todo caso, foi desta que partiu o projeto básico para transformar a Avenida Rio Branco em boulevard. Toda a via foi nivelada. As calçadas ficaram com 8,8 metros de largura, em toda a extensão da avenida, do Marco Zero à Ponte Buarque de Macedo.
O principal revestimento utilizado na obra foi o granítico, o mesmo do Marco Zero. O material é resistente, homogêneo, regular e de fácil manutenção, de acordo com a Prefeitura. Toda a fiação da avenida, telefônica e de energia, foi embutida, e isso é bom. Porque a poluição visual provocada pelos fios de operadoras de energia e telefone é grande no Recife. E seu bairro mais antigo não merece a bagaceira que a gente encontra nos outros pontos da cidade. Os serviços do boulevard foram executados no prazo de 12 meses. Agora, o caminho está aberto para os blocos carnavalescos, em fevereiro.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife