Os comentários são os mais divertidos. “É a Anabelle?”, diz uma mulher. “Deve ser a irmã do boneco assassino”, responde a outra. “Que coisa mais malamanhada é aquela?”, indaga uma terceira a um um homem que vai passando. As duas primeiras se referem a filmes que já viraram clássicos do terror. Mas a boneca malamanhada, com o cabelo desgrenhado e ar espantado está cumprindo seu papel. Ela reproduz um fato que tem tudo para virar mais uma lenda urbana, daquelas que povoam o imaginário dos moradores Recife, que é considerada a “cidade mais assombrada do país”.
A boneca que dá as boas vindas na entrada do Casarão das Lendas, montado no Piso L2 do Plaza Shopping, em Casa Forte, foi inspirada em um fato real que no mês de setembro viralizou nas redes sociais, quando um casal do bairro de Afogados decidiu colocar uma boneca no meio de uma encruzilhada para “espantar ladrões”. O que seria uma irônica brincadeira (de Janssen Alves e Bárbara Regina) para espantar o fantasma da violência, terminou virando cena semelhante às de filmes de terror, protagonizados por bonecos. Todas as pessoas, inclusive entregadores de aplicativos, mudavam de caminho quando viam a “boneca do terror” aparecendo do nada, sentada em uma cadeira em um cruzamento do bairro popular no meio da noite.
Para Roberto Beltrão, criador do Projeto Recife Assombrado, a boneca de Afogados não vai se transformar em lenda urbana. “Ela já se transformou”, diz. Ele até faz um paralelo com outra lenda, a da Perna Cabeluda, que eclodiu no século passado e que ainda hoje é muito presente na memória da população do Recife. “Ambos foram boatos que ganharam apoio nos meios de comunicação, pois a Perna Cabeluda era divulgada no rádio e nos jornais. Já a boneca do terror explodiu também com a ajuda dos meios de comunicação, só que nas redes sociais, via Internet, onde viralizou”.
Para Beltrão, o que aconteceu em Afogados e no Plaza Shopping – com relação às bonecas – tem a ver com a tese defendida por Freud, no livro “O infamiliar”, segundo o qual uma das coisas mais assustadoras para o ser humano é conviver com pessoas ou objetos do seu convívio de forma “não familiar”. Ou seja: “Um boneco que ganha vida, como no filme O Boneco Assassino e e na franquia de Anabelle só pode ser uma coisa muito perturbadora”. E é mesmo. Porque a malamanhada está assustando todo mundo que chega no Plaza, como a que assustou os transeuntes, motoristas, ciclistas e motoqueiros em Afogados.
Em tempo, outros “fantasmas” estão lá, no Casarão das Lendas, que foi criado para movimentar a Semana das Crianças. No interior do Casarão, atores do Cobogó das Artes interpretam outros fantasmas, como a própria Perna Cabeluda, a Comadre Fulozinha, o Homem do Saco, a Cabra Cabriola, a Menina do Algodão, o Senhor da Botija... KKKKK.
Passem lá prá ver.
Nos links abaixo, você confere outras informações sobre o assunto.
Leia também
Recife dos fantasmas tem “Guia de assombrações para crianças corajosas”
Assombrações no Mês das Crianças
Fantasmas no Forte das Cinco pontas
Moreno: Uma história de assombração
Baobá, rio, assombração e La Ursa Tours
Assombração mobiliza Academia
Zoo noturno mal assombrado, ui, ui
Assombrações no Zoo: De Cumadre Fulozinha à Motosserra Insana
Assombrações em Dois Irmãos. Vamos?
Casa Forte: Cultura geek e assombrações
Sessão Recife Nostalgia: O Parque Amorim e a lenda do Papa-Figo
Cidade Assombrada, no Olha! Recife
Mais assombração no Olha! Recife
Fantasmas de minha vida sem mim
Dia de caminhadas no Recife e em Olinda
Cobogó das artes solta os vampiros em Sete luas de sangue
Olha! Recife e Mamam : lendas urbanas
Filme “Recife Assombrado” chega ao Canal Brasil
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife