Como sempre tive ligação afetiva com as árvores – desde criança, me rebelava contra a derrubada de qualquer uma delas, inclusive de uma jaqueira no quintal de nossa casa – sempre observo o tratamento dispensado ao verde por onde ando, pode ser nas cidades do meu país, no interior do Nordeste, no exterior. E foi o que fiz na minha recente viagem a Bogotá.
Enquanto aqui no Recife a gente observa calçadas em que não há espaço nenhum para a expansão das raízes, lá os canteiros são espaçosos. E em algumas áreas até elevados, o que, pelo menos aparentemente, impede que as raízes desnivelem as calçadas. Caminhei muito pela cidade e observei calçadas muito arborizadas. No entanto, não as presenciei o piso elevado, irregular ou danificado por raízes. Aqui no Recife, encontro calçadas onde o concreto encosta no tronco das plantas, sufocando por completo suas raízes.
Provavelmente as árvores foram escolhidas em adequação para seus espaços. Nem todas as espécies são indicadas para se plantar em áreas destinadas a pedestres, mas pelo que se observa, isso não é muito respeitado no Recife. Há ruas, como a Dom Bosco, na Boa Vista, onde praticamente não se consegue andar, porque as raízes estouraram as calçadas, provocando rachaduras e elevações de quase meio metro. Muitas pessoas sofrem acidentes ali, inclusive quase defronto a um supermercado de grande movimento.
Essas duas fotos mostram o cuidado com que as árvores são tratadas em Bogotá, inclusive quanto às raízes. Vejam os canteiros elevados e muito espaçosos. Em compensação, a planta fica bem fixada ao solo, sem risco de cair a qualquer ventania. No Recife, esse é um dos argumentos para o uso constante da motosserra insana e uma das justificativas oficiais para o arboricídio. Estas estão na Carrera 8, local onde ficam a Casa de Nariño (sede do governo da Colômbia), o Ministério da Fazenda e ainda o Claustro de San Agostin, um dos monumentos da arquitetura religiosa naquele país e, portanto, muito visitado por turistas. Tudo no Centro Histórico de Bogotá, que tem ruas limpas, edificações conservadas e verde, muito verde, sem necessidade de gritar o apelo Parem de derrubar árvores, do nosso #OxeRecife.
Leia também:
E viva o verde em Bogotá
População acusa arboricídio no Recife
Arboricídio mobiliza Câmara Municipal
“Abaixo o arboricídio insano”
Compensação pelo arboricídio
Arboricídio vira caixa preta
Lei para conter o arboricídio
Bom exemplo de amor ao verde
As verdes ruas de Carnaíba
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife