À primeira vista, a foto parece Boa Viagem. Mas foi feita em Cartagena, na Colômbia, com beira-mar sombreada pelo sol do final da manhã. Ela lembra Boa Viagem, mas não por conta do mar tranquilo e das sombrinhas amarelas. Mas sim devido à semelhança com o trecho próximo ao terminal da nossa praia, onde – lá como cá – pedras imensas defendem o asfalto e prédios imponentes do avanço do mar, problema que se repete em outras áreas do litoral de Pernambuco. Esse mar aí de cima, que em nada se assemelha aos paraísos caribenhos dos cartões postais, fica em BocaGrande, a praia urbana de Cartagena das Índias, na Colômbia, a mil quilômetros de Bogotá.
Tal qual Boa Viagem, o avanço do mar naquela área urbana e muito frequentada é incontestável. Há vários diques artificiais para contenção, além de pedras e mais pedras entre a faixa de areia e o asfalto da avenida à beira-mar. Há placas indicando que o banho e nadar ali não são aconselháveis. Não deve ser mesmo. O mar é quase marrom, tem ondas revoltas, a areia é escura, e a praia não parece atraente. Há trechos onde a faixa de areia já desapareceu, como ocorre em algumas das praias pernambucanas, tanto no Litoral Sul quanto no Litoral Norte.
Caminhei bastante, com o meu neto Henrique, pela calçada de Bocagrande. A praia de lá não me atraiu. Pareceu muito desordenada, com excesso de ambulantes nas areias estreitas, acúmulo de lixo e muita, mas muita bagunça. Em todo caso, nós nos divertimos com o canto da Maria Mulata, o pássaro negro, que tem até estátua em Cartagena, e que aparecia aos montes, em nossa frente. Uma graça.
Mas quando vejo praias como Bocagrande (em Cartagena) e Iracema e Futuro (no Ceará) me convenço, cada vez mais, de que a nossa Boa Viagem, aqui no Recife, está entre as melhores praias urbanas do Brasil. Mas não no trecho onde o avanço do mar se registra, mas sim entre a Ribeiro de Brito e o Acaiaca, onde não existe banho melhor quando a maré está baixa. A areia é branca, o mar é azul e as ondas suaves nos massageiam o corpo e a alma. Aqui, como no Porto da Barra, em Salvador. Em Cartagena, tivemos de enfrentar 40 minutos de lancha para conhecer o azul do mar do Caribe em Playa Blanca e Islas del Rosario. No Recife e em Salvador, o mar azul está pertinho da gente. Então, para que Caribe?
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Texto e fotos: Letícia Lins/ #OxeRecife