Boa Viagem amarelou. A praia cuja marca é o alegre colorido das barracas, agora tem paisagem monocromática. Todos os equipamentos – cadeiras, guarda-sóis, mesas de apoio, viseiras dos barraqueiros, caixas térmicas – são amarelos. É a cor que marca a presença da Uninassau na padronização, por “coincidência” a cor do partido no poder municipal, o PSB. Confesso que a bagunça na praia me choca, mas acredito que ver a areia toda amarela, também vai chocar, porque aquele mar de sombrinhas alegres e coloridas vai acabar.
É que a Prefeitura do Recife começou nessa terça a distribuir os equipamentos de uma cor só. Eles foram entregues aos comerciantes que atuam na faixa de 850 metros de extensão, que fica entre as Ruas Antônio Falcão e Henrique Capitulino. A iniciativa deve-se a uma parceria -“inédita” segundo a Prefeitura – entre a própria PCR e a Uninassau. O custo da mudança de visual na orla é de R$ 2 milhões, totalmente bancados por aquela empresa educacional, que está, também, impondo sua marca às milhares de pessoas que frequentam o principal cartão postal da Zona Sul da cidade. De início, somam 73 os barraqueiros beneficiados. A distribuição dessa primeira fase termina na quinta-feira.
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Até lá, terão chegado às areias de nossa praia “somente” 10 mil cadeiras e espreguiçadeiras, três mil ombrelones (guarda-sois maiores), três mil mesas de apoio, 1,5 mil caixas térmicas, três mil lixeiras, 180 camisetas com proteção UV, 350 batas, e 73 carroças. Tudo amarelo. A iniciativa completa deverá beneficiar 476 ambulantes “com 15.900 kits adquiridos pela iniciativa privada”, informa a Semoc (Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife). A Semoc tem realizado algumas ações para disciplinar a orla. Uma delas, a que deu mais certo, foi “limpar” as calçadas, que viviam entulhadas de carroças, motos, e até carros, nos finais de semana. Na areia, os barraqueiros foram cadastrados e a área de cada um foi demarcada, assim como resguardados espaços livres, para o banhista que queira fincar sua própria barraca.
O problema é que falta fiscalização: comida continua sendo preparada na praia ( o que é proibido), as carroças circulam com espetos e braseiro no meio dos banhistas (o que também não é oficialmente permitido). E tem barraqueiro que continua jogando o lixo no chão. E não é clandestino não. É gente cadastrada pela PCR. Cadê punição para esse povo? Logo, amarelar toda a praia não é tudo. Talvez não fique nem bonito. Mas muito mais importante, é conscientizar e fiscalizar os barraqueiros para que descartem seu lixo no lugar certo. E que deixem de preparar comida na praia, expondo os banhistas ao perigo da convivência com fogo e bojões de gás à beira-mar. Também ninguém repreende proprietários de cachorros (que defecam na areia), nem carrinhos de CD pirata, que impacientam banhistas com som da altura de um trio elétrico. Assim… só amarelar, não dá.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Luciano Ferreira/ Divulgação / PCR
Acho otimo a padronização das barracas. Amarelo é lindo! Cor do sol, do verão.
Feio são barracas de todas as cores desordenadas, mal cuidadas e com publicidade de cerveja e outras.
Feio é a falta de educação de nosso povo e aí não me refiro ao povo humilde. Os sinais de grossura, de quanto nós, pernambucanos, somos casca grossa, experimente sentar na ponta de uma fileira de cadeiras em cinemas dos shoppings Recife, Rio Mar, Rosa e Silva, Plaza, São Luiz ou da Fundação Joaquim Nabuco: ninguém pede licença para passar. Se a gente levanta para facilitar a passagem, não ouvi , um “muito obrigado”. Isso também acontece, quando seguramos a porta de algum banco. O que o Estado espera para ensinar “boas maneiras” nas escolas públicas e privadas ?
É verdade, Nelson. A educação dos nossos conterrâneos deixa muito a desejar. Tenho um amigo do Paraná que morou cinco anos aqui. Quando voltou a Curitiba, deu uma pernambucanada jogando a ponta de cigarro no chão. Pois o pessoal que estava esperando o ônibus botou um olho tão feio para ele, que ele ficou com vergonha e pegou o cigarro no chão. Aqui tenho botado muito olho feio para quem joga lixo no chão, fala alto no cinema, não pede licença. Mas tem gente que nem percebe. Normal, ser mal educado. Quanto a Boa Viagem, nada contra a organização. Mas a Prefeitura bem que poderia dar uns “apertos” nos barraqueiros que jogam lixo no chão.
Custava a prefeitura exigir que os vendedores de bebidas, nas praias, guardassem as tampas de garrafas no bolso ou numa sacola ?Eles não pagam imposto, por negociarem na praia, e não preservam o espaço onde ganham o sustento? Faz 10 anos que voltei a morar em Pernambuco, depois de 42 anos, 3 meses e 17 dias, em São Paulo. Nada me entristece, aqui, mais do que a falta de bons modos de nossa gente. Lamento ter que dizer isso, pois adoooooooooooooooro minha terra.
Também acho, Nelson. Mas é pior. Porque muitos deles jogam o lixo no chão e não recebem nenhum tipo de punição. Multa, suspensão, cassação de licença. Se doesse no bolso, eles bem que teriam mais cuidado. Há uns que são muito zelosos com a praia. Mas os que sujam, e muito, são sempre os mesmos.