Olhem aí um duplo programa para se fazer no domingo, 25. Visitar o Museu Ricardo Brennand, no bairro da Várzea. E lá, participar do lançamento do livro Barléu – História do Brasil sob o governo de Maurício de Nassau (1636 – 1644), um dos mais importantes documentos para se entender o Brasil holandês do século 17.
A primeira edição do famoso livro de Caspar Van Baerle data de 1637. A mais recente vem agora com o selo da Cepe, a produtiva editora oficial do Governo de Pernambuco. O livro foi uma encomenda do próprio Conde quando de sua volta à Europa, em 1644. Pois pretendia, claro, destacar seus feitos durante os oito anos em que esteve à frente do governo holandês no Brasil . Como aliás, fazem hoje os executivos do governo e políticos brasileiros com edições luxuosas, para conquistar os eleitores. Nassau escolheu Van Baerle (1584-1648) para a tarefa. Ele era poeta, acadêmico, filósofo e um dos mais renomados humanistas das Províncias Unidas dos Países Baixos.
Apesar de nunca ter vindo ao Brasil, Baerle compôs a obra em dois anos, a partir de acervo reunido do período (relatos oficiais em holandês, cartas, entre outros documentos). Vinte ilustrações e mapas de Frans Post e Georg Marcgraf, que acompanharam Maurício de Nassau ao Brasil, também foram incluídos na publicação. A obra traz informações preciosas sobre o Brasil Colônia: hábitos dos núcleos urbanos, relatos de batalhas, fauna e flora. E também o posicionamento do próprio Nassau sobre temas como a escravidão. O livro é uma versão inédita para o português, a partir da tradução do original em latim para o inglês, feita pela pesquisadora holandesa radicada nos Estados Unidos Blanche T. van Berckel-Ebeling Koning (1928-2011), o que assegurou mais clareza ao texto histórico e mais compreensão para o leitor contemporâneo, não habituado a expressões arcaicas.
Para quem se interessa pelo assunto, eu recomendaria outros dois livros maravilhosos sobre a época: Roteiro de um Brasil desconhecido e Atlas da Costa do Brasil, ambos da Kapa Editorial, editora especializada no período holandês e que vive presenteando o leitor brasileiro com importantes e inéditos documentos sobre Brasil daquela época. Eu embarco nessas “viagens”. Os dois livros trazem a assinatura de José Paulo Monteiro e Cristina Ferrão, duas “feras”, quando o assunto é Brasil Holandês. Em caso de edições esgotadas, fica a sugestão para a retomada das publicações pela Cepe. Ambos são imperdíveis e deliciosos. Quem sabe, a partida para uma nova coleção na Cepe sobre o tempo flamengo. Que pode se chamar Nassau, Baerle, Frans Post, Eckhout, Marcgraf ou Laet. Este, a exemplo de Baerle, escreveu sobre o Brasil, na Holanda, sem nunca ter visitado o nosso país. Baseadas em seus relatos, as expedições a um Brasil por explorar eram rigorosamente planejadas. Ele fazia o diagnóstico, baseado em documentos que recebia. Mas, ainda hoje, você consegue identificar locais por ele abordados referentes à Goiana e à Ilha de Itamaracá. Incrível.
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Serviço:
Lançamento de Barléu História do Brasil sob o governo de Maurício de Nassau
Quando: Dia 25 de novembro, domingo
Hora: 16 horas
Onde: Instituto Ricardo Brennand
Endereço: Rua Mário Campelo, 700 – Várzea, Recife
Preço do livro; R$ 90,00 e R$ 28,00 (e-book)
Texto: Letícia Lins/ #OxeRecife
Fotos: Reprodução/ Cepe
Esta é a segunda edição recifense do livro de Caspar van Baerle (1584-1648); a primeira encontra-se datada de 1980 (Fundação de Cultura Cidade do Recife), com 514 p, , 56 ilustrações da edição de 1647 (desdobráveis), apresentação e notas de José Antônio Gonsalves de Mello.
Obrigada, amigo, você sempre nos dando aulas de história.