A impressão que se tem, ao caminhar-se pela orla das praias de Pina e Boa Viagem, no Recife, é que ambas sofreram total abandono. Em certos locais, parece até que houve um bombardeio. Como se não bastasse a degradação dos quiosques – que foram pilhados na pandemia – os bancos de concreto estão desabando ao longo do calçadão. E no final de semana, constatei que a situação próxima ao terminal é bem pior do que o trecho que fica entre o Edifício Acaiaca e o JCPM Trade Center, no Pina. Porque da Rua Ribeiro de Brito à altura do terminal, o que se vê é banco partido, jogado na areia, com as ferragens expostas. Quando, enfim, Boa Viagem vai ficar de “roupa nova”? Porque ela, infelizmente, está em trapos. Passou uma hecatombe por ali, foi?
Quando vou à praia, costumo caminhar entre a Ribeiro de Brito e Brasília Teimosa, ali onde fica aquele empresarial. Já tinha observado a degradação dos assentos de concreto, embora em alguns trechos eles estejam conservados, principalmente nas proximidades dos números 3456, 3356, 3312, 3178, 3114. Entre o 3114 (Hotel Jangadeiro) e o 3056 (Porto Belo), a situação começa a complicar, e a degradação é visível, com ferragens expostas que provocam até risco de acidentes.
No sentido inverso, que fiz caminhando no último sábado, a degradação é ainda maior no trecho entre o Grand Mercure (que fechou na pandemia) e o terminal de Boa Viagem. E os sinais do abandono estão tanto no calçadão, com bancos partidos e desabados, como na praia, onde ficam os pedaços dos que ruíram. Pelo que se observa, se o principal cartão postal da Zona Sul do Recife já não estava com o tratamento que merece, durante a pandemia, a situação ficou ainda pior. E a julgar pelo andar da carruagem, Boa Viagem vai entrar no verão com o sabor da decadência.
No Recife, o dia 7 de setembro assinalava o início oficial da temporada de calor. Havia até desfile de retretas na beira da praia, as pessoas estreavam roupas de banho e cangas e todo mundo marcava presença nas areias do nosso litoral. Por ser central, Boa Viagem era a mais procurada. Era uma festa. A Autarquia de Limpeza Urbana e Manutenção do Recife (Emlurb) publicou edital convocando empresas para recuperação dos bancos, em obra avaliada em R$ R$ 2.776.530, com abertura de envelopes prevista para o último dia 17 de julho. No entanto, o processo licitatório foi questionado pelo Tribunal de Contas de Pernambuco.
O TCE considerou a situação de pandemia que assola o país e alegou que há “absoluta incompatibilidade” entre o isolamento social determinando pela situação sanitária e o caráter presencial de licitações. Segundo o TCE, sua realização em caráter presencial “implica restrição à competitividade”. E recomendou a realização de do processo em ambiente virtual. A assessoria de Imprensa da Emlurb informou que a licitação foi concluída e garantiu que até o verão, os bancos serão substituídos. Mas não disse qual a empresa que ganhou a concorrência nem o valor acertado para os reparos. Vamos torcer para que eles sejam feitos. Porque do jeito que a orla está, pode até espantar os já escassos turistas que aparecem, em tempos de isolamento social.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife