O maior encontro nacional de mobilidade por bicicleta e cicloativismo, o Bicicultura, está acontecendo no Recife. Começou no feriado de 7 de setembro e se estende até o próximo domingo. Até lá, acontecerão mais de 50 eventos, entre palestras, oficinas, intervenções urbanas, saraus, filmes, eventos externos, passeios, e atividades com foco no turismo comunitário, com visita à Ilha de Deus, referência no assunto. As reuniões ocorrem no Paço do Frevo, no Paço Alfândega, Teatro Apolo, Cinema São Luís e outros locais.
Nos últimos anos, o uso da bicicleta como alternativa para o trabalho vem aumentando. Se antes era um meio de transporte com uso quase limitado ao proletariado, hoje é comum que executivos o utilizem com o mesmo objetivo. Política e ecologicamente correta – não polui – e bem mais econômica do que o automóvel, a bicicleta ainda enfrenta muitas limitações aqui no Recife, cidade marcada por um trânsito selvagem, com motoristas que não respeitam os ciclistas nem pedestres como deveriam. Mas com os engarrafamentos cada vez maiores, o que a gente conclui é que o Recife não comporta mais automóveis. Então viva a bicicleta, silenciosa, mais saudável e que ocupa espaço menor no asfalto.
Na terça-feira, saí de carro do bairro de Apipucos – onde resido – para o Espinheiro (inauguração da nova loja da Passa Disco), e quase desisto de chegar ao meu destino. Gastei exatamente uma hora em percurso tão pequeno, por conta do trânsito cada vez mais caótico do nosso Recife. Meu filho Thiago, que é publicitário, não consegue ir de carro ou de ônibus para o trabalho, no bairro da Boa Vista. Já testou três meios de chegar lá: ônibus (até duas horas), carro (uma hora e vinte minutos) e bike (40 minutos). E não abre mão da última, mesmo já tendo sofrido um acidente da maior gravidade, por conta de motociclista insano e irresponsável, como muitos que andam pelas ruas do Recife. A malha ciclável da Capital é inferior a 50 quilômetros. E no feriado, começou a ser implantada mais uma ciclofaixa, unindo os bairros de Jardim São Paulo e San Martin (apenas 1,9 quilômetros). Infelizmente, no entanto, as faixas não são contínuas.
Por esse motivo, nos dias úteis, o ciclista sofre para se deslocar. E tome problema. Eu mesma já vi muitas delas com carros estacionados, com motos ocupando o espaço das bikes, e por aí vai. Portanto, é da maior importância um evento como o Bicicultura, com proposta de discutir políticas para o bom uso desse meio de transporte, a ampliação da cultura da bicicleta e também as atitudes do ciclista. Sim porque a educação do ciclista também é importante. Na quarta-feira, por pouco não fui atropelada por um ciclista (esse aí da foto), que trafegava pela calçada com a mesma velocidade que poderia usar no asfalto. Pediu desculpas pelo quase acidente, e foi embora do mesmo jeito, tão acelerado quanto antes. A prática de mau uso da calçada, infelizmente, está contaminando outras duas rodas. Terça, quando ia ao Espinheiro, no meio do maior engarrafamento na Rua da Hora, um motociclista perdeu a paciência e botou sua possante para trafegar pela calçada. O ideal, mesmo, é que cada qual fique no seu lugar, para evitar acidentes. É como diz o sábio ditado: cada macaco no seu galho.
Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife