Barraqueiro teme perder clientes com padronização

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Com o pé na areia há 14 anos, Edmilson José da Silva vê com preocupação a anunciada padronização das barracas, na praia de Boa Viagem, na Zona Sul. Segundo a Prefeitura, um trecho de 800 metros da Orla terá equipamentos que vão dos guarda-sóis às cadeiras, patrocinados pela Uninassau. Pelo investimento, o grupo educacional terá direito a divulgar sua marca. A expectativa é que a iniciativa se estenda por toda a praia, onde hoje cada barraqueiro é identificado pelas cores de suas sombrinhas e cadeiras.

“Fizeram várias reuniões conosco, mas disseram que seriam várias empresas que iriam patrocinar nossos equipamentos. Mas até agora, vi o nome de uma só, nas notícias divulgadas nos jornais”, afirma Edmilson, cujo ponto fica em frente ao Edifício Anacelina, próximo ao Holiday. “Meu medo é que o movimento caia ainda mais”, conta o barraqueiro. Ela afirma que, com a crise, a demanda de produtos como cerveja, peixe frito e até coco verde, caiu 30 por cento. “Sem identificação do nosso ponto, vai ficar mais difícil a clientela nos achar”, prevê.

A maioria dos ambulantes na praia de Boa Viagem é identificada pelas cores das barracas e guarda-sois
A maioria dos ambulantes na praia de Boa Viagem é identificada pelas cores das sombrinhas como essas da Paris Plage.

Edmilson tem 120 cadeiras, com duas cores: branco e amarelo. Suas sombrinhas são ilustradas com a arte de Romero Brito. A carroça é azul, e tem seu nome pintado. Mesmo assim, teme que os banhistas possam se confundir. Diz que os estrangeiros que frequentam Boa Viagem lhe cederam duas bandeiras: uma da Itália e outra da Romênia. “Eles iam andar na praia e se perdiam, e as bandeiras viraram pontos de referência, mas tem gente que identifica a barraca pelas cores das cadeiras”, diz.

Disciplinar, organizar, limpar a praia, educar os ambulantes, tudo é válido. Agora que Boa Viagem pode perder um pouquinho de sua identidade, aí pode. Pois não tem nada mais bonito do que uma manhã de sol com a  faixa de areia cheia de barracas coloridas, um alegre patrimônio da cidade. Se não houver cuidado, essa festa de cores vai se acabar. E a paisagem ficará totalmente monótona. No Rio de Janeiro, a tentativa de padronizar rendeu a maior polêmica.

(Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife)

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