“Baobarco”, pôr do sol ao som de Vivaldi, e a festa de aniversário na “gôndola” do Rio Capibaribe

Na última sexta-feira, esqueci os compromissos profissionais para participar de uma comemoração muito especial, os 74 anos de Lélia de Maria, companheira de caminhadas pelo Recife, que me convidara para sua festinha de aniversário em petit comité. Ou seja, oito pessoas apenas, porém com direito a bolo, salgadinhos e vinho “Belle de Jour”. Detalhe: Lélia tem um milhão de amigos, mas o pequeno número de convidados tinha seus motivos. É que a festa foi a bordo do “Baobarco”, nossa gôndola cabocla, que singrou o Rio Capibaribe até o Centro. O horário não poderia ser melhor, com saída às 16h30 do Jardim do Baobá, no Bairro das Graças. Possível, portanto curtir a tarde ensolarada, o pôr do sol e  a noite com as luzes da cidade.

Foi uma festa muito criativa e divertida. Não faltou nada.  O retorno se deu à altura da Rua da Aurora a tempo de se avistar os barcos coloridos que ficam ancorados pertinho da Ponte do Limoeiro. Paisagem linda, maré cheia.  Na trilha sonora, por conta do barqueiro Renato, muita MPB, incluindo cantores como Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Toquinho. Tudo muito bom, tranquilo, seguro. Renato mostrou-se um excelente condutor. Atendendo inclusive aos caprichos mais eruditos de alguns convidados com formação no Conservatório Pernambucano de Música que, empolgados com o entardecer, acharam por bem que uma música clássica estaria mais adequada à poética de momento tão bonito, do céu em “chamas”,  o “fogo” do sol poente  espalhando-se em reflexos na água do Capibaribe.

– Um momento desse pede Vivaldi, afirmou Jairo Vaz de Oliveira, professor aposentado do CPM.
-Vivaldo? Não conheço, responde Renato.  Mas a dúvida acabou-se logo. Desenrolado, o “capitão”  acionou o bluetooth. E, em um segundo, surpresa. Estávamos ouvindo quem, com o sol se pondo? Ninguém menos que Antonio Lucio Vivaldi (1678-1741), o compositor nascido em Veneza, autor de 770 obras, sendo “As Quatro Estações”, a mais famosa. Pois foi justamente ao som dos violinos da “Primavera” – a parte mais popular de “As Quatro Estações” – que contemplamos a transição da  tarde para o início da noite. Mas teve mais. Uma de nossas companheiras, Edna Lins, preferiu desembarcar antes do ponto final, o Jardim do Baobá. Desceu logo, ali na altura do Parque das Graças, onde fica a sua residência. Tinha pressa de chegar em casa para não perder o Janeiro de Grandes Espetáculos, o festival de teatro que movimenta o Recife.

Mas lá não tem píer, e nós até tememos que ela tropeçasse ou caísse no Rio. Pois não é que Renato carregou a senhorinha e a deixou em lugar seco e seguro. Então, aplausos. Ela tinha pressa, pois ia ao teatro para uma apresentação do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos. Foi uma tarde mágica, muito legal. Eu já fiz várias vezes o roteiro do Recife e suas pontes, mas foi a primeira  que retornei do Centro sob as luzes da cidade, com nossa “gôndola” iluminada, cheia de charme, acredito que com leds. Mas o efeito é de Neon. Breve volto ao assunto passeio no Capibaribe, contando o roteiro que fiz, certa vez com o “Grupo Bora Preservar”, ao qual nossa amiga Lélia pertence. E no qual fazemos juntas as nossas caminhadas. E também, os passeios pelo Rio nosso de cada dia. Abaixo, contemple um pedacinho do nosso passeio no nosso “Cão sem Plumas” do poema de João Cabral de Melo Neto.

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Serviço:
Roteiros realizados pelo Baobarco, a “gôndola” do Capibaribe
Ponto de Saída: Jardim do Baobá, Graças
Reservas (81) 986965369
Capacidade: oito passageiros
Passeios:  Os mais curtos, até a Ponte da Capunga ou até a Ponte do Carrefour, R$ 10 (adulto) e R$ 5 (meia). Há um terceiro roteiro, mais extenso, até o Parque Santana, que custa R$ 30 por pessoa.
Locação: Trabalha com quatro roteiros: Jardim do Baobá – Ilha do Leite, à altura do Hospital Esperança, R$ 200; Jardim do Baobá – Rua da Aurora, R$350; Jardim do Baobá – Encontro do Rio Beberibe com o Capibaribe, R$ 400; Jardim do Baobá – Marco Zero, R$ 450.
No caso da locação, os preços são fixos independente do número de passageiros. De um a oito pessoas, o valor não muda.

Texto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo pessoal / Lélia de Maria