Baobás do Recife sacralizados na Bahia

No Dia do Baobá, o #OxeRecife não pode deixar de prestar uma homenagem ao amigo Fernando Batista, antropólogo com alma de botânico, que encontrou no baobá mais uma razão para viver.  Recentemente defendeu uma dissertação de mestrado na Universidade Federal de Pernambuco, tendo a árvore como tema. Breve volta ao assunto no mundo acadêmico. Pretende fazer doutorado na Universidade Federal da Bahia sobre a árvore sagrada e seus significados nos terreiros de candomblé. Fernando, para os que não sabem, é o maior semeador de baobás do Brasil.

Ele já perdeu até as contas da quantidade de cidades onde fincou uma muda. Mas, pelo menos, tem certeza que o plantio ocorreu em no mínimo dez estados. E não é de hoje. Desde 2006, leva mudas para a Bahia, que foram plantadas em três terreiros famosos de Salvador: Casa Branca (o primeiro do país a ser tombado pelo Iphan), Gantois e Ilê Axé Opô Afonjá. Isso porque, na época, a Ufba em conjunto com a Secretaria de Reparação de Salvador haviam criado o projeto (Im)Plantando a Morada dos Ancestrais.

Estudioso do baobá, Fernando Batista leva mudas para o Brasil. "Baobás pernambucanos são sacralizados na Bahia".
Estudioso do baobá, Fernando Batista leva mudas para o Brasil. “Baobás pernambucanos são sacralizados na Bahia”.

O projeto foi concebido por Cláudia Barreto, da Ufba, inicialmente para Salvador. Depois foi ampliado para a cidade vizinha de Lauro de Freitas, naquela Região Metropolitana , onde um baobá foi plantado em meio a rituais no terreiro Ilê Axé Opô Aganju, em 2006. “No terreiro, liderado por Balbino Daniel de Paula (conhecido como Obaràyi), o baobá hoje  é um peji (altar), para os orixás Nanã, Omulu e Oxumaré”, lembra Fernando, estudioso do assunto.

“Dentro do panteão de cultos, esses são os orixás mais antigos “, diz, lembrando que os baobás saíram das praças do Recife e começam a se transformar em pejis nos terreiros naquele Estado. “Os baobás pernambucanos estão sendo sacralizados na Bahia”, comemora. “O baobá é um elemento que aparece em mitologias. Como árvore da sabedoria ou da palavra, é recorrente sua ligação direta com o Criador”, afirma Heloísa Pires Lima, autora do livro A Semente que veio da África.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Hans Von Manteuffel (PE)  e Editora Barabô (BA)

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6 comments

  1. Fernando Batista, o disseminador de baobás. É verdade, o projeto inicialmente era para Salvador e Região Metropolitana de Salvador e realmente ampliou-se por outras cidades da Bahia, tais como: Maragogipe, Muritiba, Ilha de Itaparica, Lauto de Freitas, Camaçari, dentre outras, e até mesmo para fora da Bahia, no Terreiro Oxum Ogun Ladê, em Sergipe.
    Ademais, o baobá tem se revelado como um elemento agregador e motivador de laços de amizade, a cada árvore de baobá plantada brota uma nova amizade.
    Salve o dia do baobá!!!!!

  2. Parabéns ao querido amigo Fernando Batista ao qual tive o prazer de conhecer quando das suas idas e vindas a Fundação Pierre Verger aqui em Salvador-Ba. espaço onde trabalhei para servi lo na sua exaustiva pesquisa, mais que me possibilitou aprender um pouco desse universo que é árvore sagrada que é o Baobá.

    Tom França

  3. O Antropólogo Fernando Batista tem um trabalho maravilhoso que nos possibilita pensar sobre nossas raízes e ligações com a Mãe África, conhecer o circuito dos baobás implica em ampliar horizontes abraçar essa árvore gigante é abraçar nossas origens.

  4. Amo os baobás de forma absolutamente inexplicável! Não sabia nada sobre eles, apenas li algo no livro “O Pequeno Príncipe”, de Saint Exupery e me encantei!

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