Bairro culturalmente muito rico, a Bomba do Hemetério vai ganhar “Museu dos Sonhos Vivos”

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Com bastante experiência em desenvolvimento de projetos sociais, cultura e educação; e em mobilização comunitária, a também artista pernambucana Karinne Costa começa a trabalhar na criação do Museu de Sonhos Vivos. A partir do sábado (19/8) o projeto mobiliza a comunidade da Bomba do Hemetério, um dos mais badalados altos da Zona Norte do Recife e também um dos culturalmente mais ricos da capital. A região foi escolhida para sediar a ação justamente por ser rica em sua diversidade de manifestações populares, onde encontram-se mais de 60 grupos de caboclinhos, afoxés, maracatus, sambas, ursos, bois, troças e frevo.

“O projeto será uma ponte para fortalecer o sensação de pertencimento entre os moradores do território e fomentar a documentação e preservação da memória da Bomba do Hemetério, região que é berço e pulsa muitas das tradições culturais do Recife e de Pernambuco”, afirma Karinne. Entre as pérolas culturais do bairro está a Orquestra da Bomba do Hemetério, liderada pelo Maestro Forró (foto acima), hoje uma das figuras mais populares de Pernambuco, quando o assunto é frevo. O ritmo, como se sabe, é reconhecido pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Mas a ação contempla outras instituições culturais do bairro, como o Maracatu Raízes da América e o Boi Mimoso. E deve ser concluída no dia 26 de agosto, quando ocorre a entrega e a celebração do chamado “Museu dos Sonhos Vivos”. A iniciativa faz parte do edital Jovens Ideias,  e está entre os oito projetos acompanhados pelo Instituto Elos, em rede nacional de iniciativas que se destaca em diversas frentes de necessidades de comunidades de todo o Brasil.

Karinne lidera um dos oito projetos financiados em 2023 pelo Instituto Elos e vai criar o Museu dos Sonhos Vivos

Karinne está convocando a comunidade para colaborar na construção e pintura do local. “O projeto tem o objetivo de fomentar a preservação de histórias e memórias de territórios periféricos”, informa o Instituto Elos. A construção busca tecer uma jornada formativa, desenvolvendo a investigação da memória viva do lugar e trazendo abordagens das Artes e da Comunicação. “Desde junho deste ano, a equipe do Museu vem dialogando com moradores e moradoras, lideranças e grupos culturais da região para ouvir, estudar a memória, estimular a troca de saberes entre gerações e vivenciar um processo criativo colaborativo entre artistas, agitadores locais e população”, explica Karinne.

Mas o Museu de Sonhos não é só. É que a iniciativa vai acontecer a partir do Circuito de Andada, para valorizar e apresentar pontos importantes da cultura, interligados com artes visuais e intervenções. O ponto de partida é a Escola Mardônio Coelho – palco de diversas reivindicações, lutas e conquistas – passando por cinco agremiações culturais, até o Mirante da Bomba do Hemetério. Neste primeiro ciclo, três das cinco agremiações vão receber intervenções artísticas dos grafiteiros Emerson oṣù, Márcio Fellipe e da artista Maria Magdala. Também vai acontecer uma projeção virtual com a história de cada uma das agremiações participantes do circuito, reunindo registros afetivos, documentos históricos e material audiovisual com as memórias presentes, que serão acessadas através de um QR Code. O Mirante, último ponto a ser visitado, levará ao mapa afetivo da Bomba Estendida, sinalizando marcos e sonhos da comunidade.

O Instituto Elos criou o programa Jovens Ideias, a partir da formação de jovens líderes globais pelo programa Guerreiros sem Armas (GSA), que amplifica o potencial dessas pessoas para serem protagonistas na transformação de um mundo melhor. “Após a realização de uma pesquisa do Instituto Elos com a Comunidade GSA, que é como são chamadas as mais de 600 pessoas que passaram por alguma edição da formação internacional de lideranças de impacto, descobriu-se, entre outras coisas, que era preciso apoiar mais de perto ideias que, inspiradas de alguma maneira pela Filosofia Elos, brotavam entre os mais de 600 participantes espalhados pelo mundo”, informa o Instituto.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Redes Sociais 

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