As roupinhas e máscaras coloridas da “família” de Francisca na pandemia

Compartilhe nas redes sociais…

Dona Maria Francisca de Almeida tem 94 anos. Natural de Quipapá, ela  nasceu no Sítio Suzana, na área rural daquele município do Agreste, localizado a 188 quilômetros do Recife. Como era comum no seu tempo, ela construiu uma família numerosa para os padrões da sociedade urbana do século 21. Teve cinco filhos, que até o momento lhe deram seis netos e dois bisnetos. Mas Dona Francisca construiu uma outra e numerosa “família” ao longo das duas últimas décadas: sua coleção de bonecas.

E o que ela faz com suas bonecas? Costura graciosas roupinhas. E não são só vestidinhos e calças não. Dona Francisca faz sapatinhos de crochê,  bijuterias e cria acessórios para suas “filhas”. Nesses tempos de pandemia, as “meninas” ganharam direito a máscaras de proteção contra o novo coronavírus (foto menor).

A atividade lhe rende boa distração. “Minha mãe tem como hobby costurar roupinhas (vestidos, casacos, calcinhas) para suas bonecas e consciente da gravidade da pandemia, protegeu as suas Isa, Diana e Dan”, conta Ceça Almeida, filha de Francisca e que conheci nas caminhadas e trilhas do Grupo Andarapé. Segundo Ceça, a mãe sempre gostou de bonecas e também de costurar. “Quando  ela era criança, seu brinquedo predileto eram as bonecas de pano que ainda hoje são vendidas nas feiras do interior”, conta a filha, referindo-se às populares bonecas de tecido, também chamadas carinhosamente de “bruxas” e ainda muito comuns no interior.

Aos 80, Dona Francisca ganhou uma boneca de uma das filhas. “É uma bonequinha pequena, que está em sua casa, em Quipapá”, conta Ceça. A mãe veio ao Recife em março, visitar os filhos. Mas por conta da pandemia, eles não a deixaram retornar ao Agreste. A costura das roupinhas – que poderia resultar em  renda para Francisca – na verdade teve finalidade terapêutica. ”Ela tinha muito sono, e o médico lhe aconselhou a fazer alguma atividade para que se distraísse e mantivesse ocupada a mente”, conta Ceça. Dito e feito. Aos 84 anos, sua mãe começou a costurar. Assim, a vida de idosa ficaria menos monótona, com uma forma saudável de combater a vontade permanente de cochilar. As filhas começaram a abastecê-la: linhas, tecidos, agulhas, bordados, bicos, galões eram sempre bem vindos.  Deu no que deu. Hoje, Francisca tem 16 bonecas e dois bonecos, presentes de filhos, netos, sobrinhos. A quantidade de roupinhas… Todo mundo já perdeu a conta.

Leia também:
A Serra Pelada de Sinha é só riqueza 
A capacidade de se reinventar
O menor museu do mundo
“Se eu soubesse escrever”
Nostalgia: os livros de Monteiro Lobato
O Mané Gosto de Saúba
Miro dos Bonecos

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Álbum de família

3 comments

  1. Parabéns! Amo a filha ceça, minha ex chefe de Gabinete do Incra um excelente sevidora. Dona Francisca um um exemplo para todos as outras mães, exclusive para mim. Parabéns mesmo!!!😘🌸🌼🌹🌷🌷🏵️💛💚💙🧡🤍💙❤️♥️

  2. Nossa essa pessoa é especial pra mim!eu sou da usina água Branca e estudei em Quipapa,sou amiga de ceiçã e Gorete e os demais da família,parabéns,saudades ,um forte abraço pra toda família,amo esse povo lindo.

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.