As máscaras de alegria e felicidade

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Quem ainda não foi, trate de ir logo. Porque a exposição A forma custa caro, em cartaz no Museu do Estado, se encerra no próximo dia 25. É uma retrospectiva com 64 obras de Rodolfo Mesquita,  um dos artistas mais expressivos de sua geração, e que faleceu em 2016, aos 63 anos. Para os amigos e admiradores, ele não se tornou famoso no país, por ser muito coerente e “avesso a badalações”.

Rodolfo viveu sua juventude em um período de muito obscurantismo, quando havia uma ditadura militar e a tortura era institucionalizada no País. Com a redemocratização, o Brasil mudou, mas as injustiças sociais permaneceram. E ele nunca ficou indiferente às duas situações, com a quais viveu em choque permanente. “Esse cotidiano, as coisas que eu vejo, eu não aceito. Eu não aguento isto. É isso que eu procuro colocar no meu trabalho. Eu canalizo minha revolta para o meu trabalho.  Para depois indagar: “O que eu vou fazer, brigar com punhal, dar tiro em todo o mundo?”

E justificava a opção pelo seu tão especial grito de guerra contra aquelas distorções. “ Então eu desenho e pinto. Se eu não fizer isto, eu vou ficar muito mal comigo mesmo”. Não é à toa que, nos anos 1970, o desenhista e pintor pernambucano começava não apenas a expor seus trabalhos, mas também a publicá-los em jornais e revistas mais inconformistas do País, tanto no campo artístico como no político:  O PasquimMovimento Rolling Stones. E também em veículos não pertencentes à esfera alternativa, como a IstoÉ, naquele tempo uma revista menos conservadora do que a sua principal concorrente semanal.

Foi ainda nessa década que o artista foi apresentado pelo pintor e marchand Giuseppe Baccaro (durante certo tempo representante de Rodolfo no circuito cultural brasileiro) a Pietro Maria Bardi, fundador e do Museu de Arte de São Paulo, do qual foi também diretor por 45 anos. O entusiasmo de Bardi pela obra do pernambucano resultou em uma exposição individual no Masp, em 1976. Neste mesmo ano, participa do Salão Arte Agora, no Rio de Janeiro, conquistando prêmio de viagem à França, onde passa a viver e trabalhar. Um dos jornais que publicaram trabalhos de Rodolfo foi o Libération.

No Recife, exposição foi possível, com colaboração de instituições e coleções particulares. A  obra da foto, por exemplo, pertence à titular do #OxeRecife.  Além da exposição, foi lançado o filme Rodolfo Mesquita – As monstruosas máscaras de alegria e felicidade (dirigido por Pedro Severien). E também o livro Rodolfo Mesquita – a Forma custa caro, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). O livro já está à venda por  R$ 200 em livrarias como Saraiva,  Cultura, e na Galeria Amparo 60. A publicação é bilíngue (português e inglês), tem 340 páginas e quase 300 imagens. A coordenação editorial é do coreógrafo e ator João Lima, filho de Rodolfo Mesquita, que vive em Barcelona. O volume inaugura coleção da Cepe sobre artistas pernambucanos.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fred Jordão / Divulgação

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