As bandeiras “brancas” da saudade

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O São João acabou, mas o colorido das bandeirolas continua. Apesar da chuva. Lembrei das bandeiras da infância, que a gente confeccionava em casa, para enfeitar a rua. Elas eram coloridas, mas a gente usava papel de seda. E ficava torcendo para não chover, porque quando a chuva vinha, o que acontecia? Elas ficavam todas brancas. E dava uma tristeza danada, ver a fogueira queimando com as bandeiras tudo de uma cor só.

Muitas vezes se driblava o “estrago” indo à festa do Sítio Trindade. Ou ficávamos em casa, pensando em uma solução. Fazíamos, então, novas bandeiras, mas a cor vinha das fotografias de revistas. Lembrei disso conversando hoje à tarde com Fábio Cabral de Melo, lá na Passa Disco. Ele viu a foto que postei no Facebook de um casarão em Casa Forte, com as bandeiras intactas, apesar dos temporais desse junho de 2017. Elas não desbotam mais. É que elas são de plástico. E não se faz mais em casa. Já se vende pronta nas lojas, ou nas ruas.

“Eu fazia bandeiras com as páginas da revista O Cruzeiro e Manchete, lembra Fábio, referindo-se às maiores revistas de meados do século passado. “Mas também não tinha cola Polar nem Tenaz, a gente usava grude, feito na cozinha”, lembrou ele. Também recordei: era água, maisena (ou goma) e colher de pau. Quanda estava bem pastoso e quase transparente, o grude estava pronto. E tome cordão, tesoura e papel.

Colega de infância, Mauro Ramos – que, como eu, morava em Casa Amarela, onde cada rua era um arraial – comentou: “Sou desse tempo, que saudade”. E  José Nivaldo Júnior já tinha esquecido que as bandeirinhas da nossa infância desbotavam. “Excelente observação, nem lembrava, nem tinha notado”, ao referir-se a uma foto com as bandeirinhas de plástico, que postei na minha página pessoal do Facebook. Feliz de quem tem coisa boa para lembrar, não é não?

Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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