As 22.000 “multas cidadãs” de Francisco

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Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pernambuco, sócio e um dos fundadores da TGI – Consultoria e Gestão, especialista em gestão organizacional (principalmente de cidades), Francisco Cunha participou da fundação de dois movimentos bem atuantes na nossa Capital: o Observatório do Recife (2008) e Olhe pelo Recife, Cidadania a Pé (2016). Ambos renderam as célebres e cada vez mais disputadas Caminhadas Domingueiras, que se realizam uma vez por mês. Normalmente tendo o próprio Francisco Cunha como guia. Quando necessário, ele convida um especialista, que nos enche de saborosas e importantes informações a respeito de nossa própria Capital.

E aqui vamos tratar do seu lado de “ativista da mobilidade a pé na cidade do Recife”, como ele se define, em seu perfil, na Rede Linkedin. E como tal, atua mesmo. E muito. Recentemente a Revista Algo Mais – de cuja criação participou e da qual é articulista – publicou um encarte ótimo para, quem como eu, adora andar pelas ruas (apesar dos buracos nas calçadas e da “violência”, sempre invocada por amigos). O encarte foi 10 Mandamentos do Pedestre Recifense, iniciativa do Movimento Olhe pelo Recife, Cidadania a Pé. Uma “bíblia” e tanto do assunto, que contou com colaboração de Antônio Montenegro e Camila Regueira (ilustrações), e Gisela Abad (design). A edição foi do próprio Francisco, baseado no Código de Trânsito Brasileiro. E é invocando o CTB, como ativista da cidadania a pé, que ele instituiu, há alguns anos a “Multa Cidadã”.

O recifense se defronta, sempre,  com buracos e carros estacionados, como em Boa Viagem: “multa cidadã” neles!

É que anda sempre com um bloquinho, para aplicar “multas” informais em quem invade as calçadas com seus possantes.  Sei bem a importância disso, porque ao caminhar já me defrontei com motociclistas apressados, trafegando no lugar do pedestre e até buzinando, para que eu desse vez a ele. E também carro de todo tamanho estacionado onde não deveria estar. Lugar de quatro rodas é no asfalto e não na calçada. Mas essa irregularidade é muito comum, não só no Recife, como em metrópoles desenvolvidas do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro. A ação de Francisco contra a prática começou há cinco anos e, desde então, já foram “aplicadas” cerca de 22 mil “multas cidadãs”. Não só por ele, como também por amigos, que lutam pelo direito de andar em paz nas calçadas, sem risco de ser atropelado por carro, bicicleta, moto. Eu mesma já ganhei o meu bloquinho.

Francisco Cunha diz que a obstrução de calçadas ocorre em qualquer parte do Recife: seja no Centro, ou nas Zonas Norte, Sul, Oeste. A “multa”, como disse acima, é baseada no Código de Trânsito e explica as penalidades para quem invade a calçada com o carro.  Às vezes, o motorista encara a lição com bom humor. De outras, ele ouve muito é desaforo. “Minha mãe é a pessoa mais comentada”, desabafa. Quando não tem ninguém no volante, ele deixa a “multa” no para-brisa do carro. No Recife, na questão do lixo e do trânsito, a gente tem mais é que constranger os infratores. Porque, parece, que só assim, as pessoas tomam o popular “simancol”. Infelizmente, o problema continua presente em nossas ruas. “Multa cidadã” pode até não resolver. Mas constranger, já é um bom caminho andado.  É preciso pulso firme dos órgãos públicos, tipo a Cttu, nem sempre tão operante quanto deveria em favor do pedestre e  até mesmo do motorista. Eu já estou cansada de chamá-la, para poder sair de casa, com carro trancando a rua ou a garagem. Sabe quantas vezes a Cttu atendeu a meus chamados? Zero. Por isso, a “multa cidadã” é melhor do que nada.  Francisco Cunha é quem, é gente.

Leia também:

Bandalha nas calçadas
Calçadas nada cidadãs
Pelas “calçadas do meu Recife”
No rastro das Caminhadas Domingueiras
Uma “piscina” no meio do caminho
O ar “refrigerado” da mata sob o sol
No metrô, com saudade do velho trem
Parem de derrubar árvores (43)
No caminho dos baobás
Conhecendo a Mata Atlântica

Texto e fotos: Leticia Lins / #OxeRecife

2 comments

  1. Letícia,onde posso pegar o bloco da “multas cidadãs”?
    Aqui nos Quatro Cantos, Derby, tem um salão de beleza e um Petshop onde os clientes param sobre a calçada e nós temos que ir pra rua mesmo,um absurdo.
    Já reclamei com os proprietários,mas eles não estão nem aí. Já chamei guardas da CTTU e nada…
    Constranger já é um grande passo,então vamos invadir a cidade com multas cidadãs.

    1. Geralmente Francisco Cunha distribui com amigos e todos aqueles que aderem à causa. A empresa que ele trabalha é a TGI, que fica na Rua Barão de Itamaracá, Espinheiro. O telefone de lá é 31341740. Não sei se há estoque no momento, porque os blocos “voam”. A demanda é grande.

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