No dia 7 de maio, publicamos aqui um artigo de Raul Manhaes de Castro, em defesa dos direitos de usuários dos Planos de Saúde Suplementar, que estão corroendo as economias de idosos, com mensalidades absurdas, sem que os órgãos de controle imponham limites à exploração.
Nessa semana, ele enviou novamente um artigo sobre o tema, que achamos pertinente divulgar, em que critica “um estado que hesita, se omite e silencia” sobre problema que afeta grande parte da nossa população. E vocês, que também são prejudicados, podem passar adiante. Veja o que ele diz:
“O tempo passou. O Brasil envelheceu. E conosco, vieram as marcas da história, os frutos do trabalho, as cicatrizes do silêncio — e a convicção de que não aceitaremos mais ser tratados como peso morto pelo sistema que ajudamos a construir. Hoje, vivemos uma afronta. A saúde suplementar, que por anos vendia a promessa de segurança e dignidade, revelou seu verdadeiro rosto: o rosto frio do lucro sem alma. Hospitais descredenciados, médicos afastados, exames negados, tratamentos adiados. E tudo isso diante dos olhos de um Estado que hesita, se omite e silencia. Mas nós não nos calamos.
Somos milhões de brasileiros — idosos, usuários, trabalhadores, filhos e netos — que se levantam contra o desmonte silencioso da assistência. O que está em jogo não é apenas um contrato rompido. É o pacto de confiança entre o cidadão e o país. Entre o tempo vivido e o tempo que nos resta. Enquanto o mercado concentra poder e impõe reajustes abusivos, o SUS resiste. Enfrenta filas, falta de recursos, desinformação — mas permanece. É nele que o povo encontra a porta que o setor privado tranca. O SUS é a trincheira dos que não podem pagar. E é por isso que devemos defendê-lo como patrimônio inegociável da nossa cidadania. Não se trata de escolher entre público ou privado. Trata-se de reivindicar um sistema de saúde verdadeiramente complementar, onde o privado sirva à vida, e não ao capital. Onde a saúde não seja moeda, mas direito. Onde envelhecer não seja sentença, mas etapa digna da existência.
As estatísticas são contundentes. Em 2022, éramos mais de 32 milhões de idosos no Brasil. Em 2060, seremos um terço da população. E entre nós, a maioria vive com doenças crônicas, fragilidade física, sofrimento psíquico e solidão. Ainda assim, o sistema nos nega. Negam o cuidado, o remédio, a escuta. Mas não nos negarão a voz. Por isso, exigimos:
- Fortalecimento imediato e contínuo do Sistema Único de Saúde.
- Regulação firme, transparente e justa das operadoras de planos de saúde.
- Políticas públicas inclusivas, que reconheçam o valor, a diversidade e a potência da velhice.
- Justiça para os que pagaram por décadas e agora são jogados à própria sorte.
- Proibição de cartéis e da verticalização predatória, impedindo que empresas de planos de saúde sejam simultaneamente donas de hospitais, clínicas e consultórios — pois essa concentração compromete a autonomia médica, distorce a oferta e torna a vida um negócio fechado.
Chamamos os idosos que ainda caminham firmes. Os filhos que aprenderam a lutar com os pais. Os netos que se orgulham da geração que construiu o país. Chamamos todos os que não aceitam a barbárie da indiferença. Chega de abandono. Chega de silêncio. É tempo de dizer: nós estamos aqui. Não somos descartáveis. Somos a memória e o alicerce. Merecemos respeito. Assine. Compartilhe. Mobilize. change.org/p/abaixo-assinado-em-defesa-dos-usu%C3%A1rios-de-planos-de-sa%C3%BAde. Um idoso informado é um ser poderoso. E um povo unido é impossível de ignorar.”
*Raul Manhaes de Castro, 69 é médico, pesquisador 1C do CNPq e professor emérito da UFPE. (Pesquisador 1C é aquele com alto nível de experiência e reconhecimento em sua área, e com capacidade demonstrada para formar novos pesquisadores.
Nos links abaixo, leia outros artigos encaminhados ao #OxeRecife para publicação, inclusive o primeiro do próprio Manhaes, que entrou rapidamente nos trends aqui do Blog, por conta da abrangência do assunto e da quantidade de pessoas prejudicadas por planos privados de saúde, principalmente idosas.
Leia também
Artigo: “a nova indignação da classe média, saúde virou luxo e o medo virou certeza”, por Raul Manhaes de Castro
Artigo: A psicologia não condena o uso de bonecos como bebês reborn, mas…, por Roberta
Artigo: A alta taxa de juros e a relação com seu bolso, por Raul Serra
Artigo: Saúde como direito, por Marcelo Henrique Silva
Artigo: Prescrição farmacêutica, um risco silencioso na saúde e um desafio para a perícia médica
Artigo: “A urgência da inclusão de idosos nas cidades brasileiras”, por Thomas Law
Artigo: “A necessidade de mudança na formação médica”, por Diego Gadelha
Artigo: Como podemos transformar ciência em ação sustentável para a biodiversidade
Artigo: Insônia, o novo foco de lucro contínuo das farmacêuticas, por Isabel Braga
Artigo: O autista é a vítima perfeita para o bullying, por Lucelma Lacerda
Artigo: O café vai ficar aguado, por Emanuel Pessoa
Artigo: Mulheres indígenas e a sua luta, por Patrícia Rodrigues Augusto Carra
Artigo: Tudo começa pelo que escolhemos vestir, por Karen Prado
Artigo: Porque o carnaval movimenta bilhões e o que ele tem a ver com sua empresa, por Andreza Santana
Artigo: Ainda estou aqui, o luto familiar dos entes de desaparecidos políticos, por Marcos Torati
Artigo: É a segurança pública, estúpido! Por André Naves
Artigo: Da gestão de resíduos à economia sustentável”, por Flávio Linquevis
Artigo: “Imbecilittus sexus”, por Fabiana C.O
Artigo: O que ainda precisa mudar na visão sobre o Nordeste, por Raimundo Sales
Artigo: Aktion T4, o aspecto pouco lembrado do Holocausto, por André Naves
Artigo: Gestão de resíduos perigosos, por Robson Esteves
Artigo: Plantando hoje para colher amanhã, por Henrique Galvani
Artigo: Entidades gestoras e esforço coletivo para preservação ambiental, por Natalia Fochi
Artigo: Amazônia, uma questão ecológica e humanitária, por Salete Ferro
Artigo: Como a população pode participar de logística reversa, por Helen Brito
Artigo: Legislação sobre exposição de trabalhador ao calor precisa ser revista, por Fabrício Varejão
Artigo: Sexta-feira 13, um folclore moderno, por Lucas C. Lima
Artigo: Precisamos falar sobre vidas ribeirinhas, por Francisco Neto Pereira Pinto
Artigo: tempo de reflexão e luta por um mundo melhor
Artigo: O papel do G20 na proteção dos oceanos, por David Schurmann
Alerta de um homem do mar: “Oceanos sufocados, Planeta sem ar”
Artigo: O alerta vermelho da saúde mental no trabalho, por Suzie Clavery
Artigo: A importância do descarte correto de eletrônicos e eletrodomésticos, por Robson
Artigo: Como podemos transformar ciência em ação sustentável para a biodiversidade
Artigo: Uma nova geração de leitores
Artigo: “Mercado editorial brasileiro. Publica-se muito, mas vende-se nem tanto”, por Lilian Cardoso
Artigo: Legislação sobre exposição de trabalhador ao calor precisa ser revista, por Fabrício Varejão
Artigo: Crescem os casos de trabalho análogo à escravidão, por Isabel Borges da Silva
Artigo: Mobilidade do futuro para um amanhã mais verde por Patrícia Gomes
Artigo: Mulheres indígenas e a sua luta, por Patrícia Rodrigues Augusto Carra
Artigo: Carnaval aquece a economia criativa, Por Paula Sauer
Artigo: Quase metade do lixo gerado pelo Brasil é descartado de forma incorreta
Artigo: Cerrado e caatinga são patrimônios do Brasil e precisam ser protegidos
Artigo:Dia Mundial do Meio Ambiente, restauração de terras, desertificação e resiliência
Artigo: A mensagem da lama, por Aline Locks
Artigo: Dia Internacional das Florestas, vale a pena derrubar árvores? por Viktor Waewell
Artigo: Indústria têxtil, produção, e economia circular por Fabiane Pacini
Artigo: O que o Brasil tem a ganhar com a pauta verde, por Wagner Ferreira
Artigo sobre o Dia das Avós: “Para sempre jovens”? Por Leonardo de Moraes
Artigo: Super proximidade, a febre dos mercadinhos
Artigo: Após 1.500, como os portugueses conquistaram o Brasil, por Vítor Waewell
Artigo: Mulheres indígenas e sua luta para mudar a história: Por Patrícia Rodrigues
Árvores: o que diz o Código Civil sobe conflitos e direitos de vizinhos, por Rafael Verdant
Edição: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação