Artigo: Entidades gestoras e esforço coletivo para preservação ambiental, por Natália Fochi*

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A gestão de resíduos sólidos, como lâmpadas fluorescentes, embalagens e eletroeletrônicos, é uma das áreas em que entidades gestoras desempenham papel fundamental. Elas organizam a logística reversa e promovem transformações culturais e estruturais robustas para a construção de um viver mais sustentável. No entanto, para que isso ocorra, é necessário um esforço conjunto de governos, empresas e sociedade civil, com ações coordenadas e eficazes, resultando na responsabilidade ambiental mútua.

Uma entidade gestora atua como intermediária entre fabricantes, importadores, comerciantes, consumidores e o poder público, o que viabiliza o gerenciamento de resíduos. Neste caso, o principal objetivo é cumprir as metas definidas por leis e regulamentações ambientais, como a Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

As entidades também auxiliam as empresas a cumprirem suas obrigações legais, de maneira a evitar sanções e incentivar um mercado mais responsável, além de educar a sociedade sobre reciclagem e consumo consciente. Elas ainda impulsionam a economia circular ao reintegrar resíduos como matéria-prima.

Por isso, é preciso aproveitar o potencial do trabalho das entidades gestoras, que tem gerado resultados positivos. No Brasil, por exemplo, a iniciativa da Reciclus, focada na coleta de lâmpadas fluorescentes de uso doméstico, já impediu que milhares de toneladas de resíduos perigosos chegassem, de forma indevida, aos aterros sanitários.

A associação possibilita a destinação ambientalmente correta das lâmpadas fluorescentes por meio do Sistema de Logística Reversa (SLR), que promove a reciclagem dos componentes presentes nesse resíduo, como vidro e metais. Já o mercúrio, um metal pesado e tóxico, é encaminhado ao Aterro Classe I, destinado a resíduos perigosos.

Além disso, o processo de descontaminação desse tipo de lâmpada vai além de eliminar os riscos de contaminação ambiental, pois impulsiona a redução de extração de novos recursos naturais. No entanto, trata-se de um procedimento que exige etapas complexas e rigorosamente controladas para possibilitar uma destinação segura e eficiente, ou seja, as entidades são ímpares nesse sentido.

Durante o processo, é possível encontrar as seguintes etapas:

  • Separação e Trituração: As lâmpadas são rompidas em equipamentos fechados, sob pressão negativa, para evitar a fuga de mercúrio.
  • Mercúrio: É separado, encapsulado e encaminhado a um Aterro Classe I.
  • Alumínio: Após ser higienizado, é fundido e pode ser reutilizado em novos produtos.
  • Pó Fosfórico e Vidro: Podem ser utilizados na fabricação de cerâmica e para vitrificação de azulejos; e como combustível alternativo ou substituto de matéria prima na indústria cimenteira (blendagem para coprocessamento em fornos de clínquer).

Além dos cuidados necessários em relação ao descarte de lâmpadas quebradas – que envolve colocá-las em recipientes fechados antes de levar a um coletor da Reciclus -, é essencial que haja um esforço coletivo para disseminar a conscientização sobre o impacto que esse resíduo tem no meio ambiente e na saúde pública, quando descartado de forma incorreta.

Ao seguir as orientações de descarte seguro, estamos contribuindo para um futuro mais sustentável e saudável. É fundamental que todos desempenhem seu papel, desde as autoridades públicas, os fabricantes e o comércio, até a população, para garantir que o impacto ambiental do descarte de lâmpadas seja minimizado.

*Natalia Fochi – Gerente de Sustentabilidade da Reciclus (Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa de Produtos de Iluminação).

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Edição: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Reciclus / Divulgação 

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