Quem marcou presença na última edição da Fenearte – a maior feira de negócios do artesanato da América Latina – percebeu o quanto é rico o artesanato do Nordeste, que sempre aparece em destaque naquele evento, que acontece anualmente em Pernambuco. E uma prova da nossa riqueza está na exposição-feira Arte dos Mestres, cuja segunda edição acontece entre os dias 27 de agosto e 1 de setembro no Espaço State, que fica na Vila Leopoldina, em São Paulo. Ao todo, são 15 mestres artesãos estarão representando oito estados brasileiros, dos quais seis são do Nordeste. Pernambuco inclusive, claro. A iniciativa é da ONG Artesol, que exporá 280 criações feitas especialmente para a mostra. Mas não é só, os artistas estarão presentes e até são alvos de documentários.
Os estados do Nordeste que participam são Alagoas, Ceará, Bahia, Piauí e Pernambuco. E nosso estado, que é um celeiro quando o assunto é artesanato, não poderia faltar de jeito nenhum. Há três outras unidades da Federação de outras regiões: Mato Grosso, Minas Gerais e Acre. “O nosso grande desafio ao realizar mais uma edição de Arte dos Mestres é apresentar e fazer com que sejam devidamente reconhecidos esses atores sociais, que são guardiões de legados de seus antepassados e de suas culturas e referências em suas comunidades. Queremos que ainda mais pessoas possam conhecer seus trabalhos, garantindo para eles um mercado consumidor mais justo e amplo, que reconheça o valor dessas obras não apenas pela estética mas por sua carga histórica e cultural”, afirma a presidente da Artesol, Sonia Quintella.
O evento conta com patrocínio Master do Nubank. Em 2023, a Arte dos Mestres recebeu 8 mil visitantes em apenas cinco dias. A exposição é, também, uma feira para comercialização das obras que é feita diretamente pelos artistas ali presentes. Além da exposição de peças artesanais ( em fibras, fios, madeira, couro, sementes, argila, etc) haverá exibição de documentários que registram história e os processos criativos e saberes dos artesãos. A curadoria trouxe inovações contemplando novas técnicas artesanais como os saberes e fazeres têxteis, ampliando as escolhas para outras manifestações artísticas da cultura popular brasileira. “Teremos trabalhos oriundos de coletivos de mulheres guiados por suas mestras e presença indígena, representada pelo Povo Ashaninka. E traremos elementos dos modos de vida sertanejo, ribeirinho e quilombola apresentados em outras versões e combinados com referências intergeracionais e de gênero”, afirma Josiane Masson, curadora da Arte dos Mestres.
Um ateliê aberto ao público será lugar para reverenciar a maestria do domínio técnico desses mestres artistas. A programação contempla rodas de conversa com a participação dos convidados nessa edição, mediadas por estudiosos e pesquisadores do universo da arte e cultura popular. A proposta desses bate-papos é promover reflexões sobre arte e artesanato e os principais desafios de construir uma carreira no universo do artesanato cultural, além de discutir sobre os aspectos sociais e econômicos que permeiam essa produção nos quatro cantos do país. Haverá também um dia específico reservado para as atividades educativas voltadas para jovens estudantes e educadores, com o intuito de reforçar o caráter formativo do projeto. Entre os artesãos do Nordeste presentes à mostra, está Espedito Seleiro , que é mestre internacionalmente famoso, no manejo do couro (foto ao lado). Ele atua em Nova Olinda, Ceará)
Também do Ceará, vem José Lourenço, coordenador da “Lira Nordestina”, reconhecido como o maior xilogravurista da escola cariri de xilogravura. Outra figura interessante é Nen (Alagoas), que reaproveita madeira de canos com décadas de uso e até séculos, pra fazer suas peças. Josielton (Piauí) representa a nova geração de escultores daquele estado, com sua arte santeira representando anjos sertanejos, santos e árvores nativas. Há, ainda, Jotacê (Bahia). E Maria Irineia (AL), com sua arte cerâmica, de origem quilombola. Também de Alagoas, as miniaturas do mestre Cláudio.
De Pernambuco, participam: André Menezes (reaproveitamento de materiais, que ele chama de reclipachê); Mestre Fernandes Rodrigues e filhos do Mestre Zé Caboclo (1929-1973)mestre vi, que perpetuam a arte do mais fiel discípulo do saudoso Mestre Vitalino (1909-1963). De Caruaru – Agreste de Pernambuco – eles costumam reproduzir cenas e costumes do Nordeste em suas peças.
No Norte, chama a atenção o povo indígena Ashaninka, que vive na fronteira do Acre com o Peru. É um povo conhecido por sua tradição ligada à música, que traz para a segunda edição de Arte dos Mestres, artefatos musicais, vestimentas trabalhadas em tear e tecidos pintados à mão com pigmentos naturais, combinando adereços trabalhados com sementes dessa que é a região de maior biodiversidade da Amazônia. Ainda no segmento do artesanato têxtil, presença de coloridas redes de Várzea Grande do coletivo feminino Tece Arte, do Mato Grosso, e os Ojás e Alakás tradicionalmente usados no candomblé ketu, nação do Ilé Axé Opó Afonjá de Salvador (BA), confeccionados pelas tecelãs da Casa do Alaká.
A Artesol é uma organização sem fins lucrativos,que foi fundada pela antropóloga Ruth Cardoso em 1998. Atua na salvaguarda de saberes e fazeres artesanais tradicionais e na valorização do artesanato brasileiro junto a centenas de grupos, artesãs, artesãos e artistas populares de todo o país. O foco de seus projetos visa também gerar oportunidades de trabalho e renda para comunidades artesãs. através de ações de qualificação profissional e o estímulo ao comércio justo, como forma de criar um futuro mais próspero para esses criativos, fazedores de cultura. A Artesol a idealizadora da Rede Artesol – Artesanato do Brasil, que é a maior plataforma digital de mapeamento e articulação do ecossistema do segmento no país.
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Serviço:
O quê: Feira-Exposição Arte dos Mestres 2024 ( Curadoria: Josiane Masson e Marco Aurélio Pulchério)
Realização: Artesol
Patrocínio Master: Nubank
Quando: 27 de agosto de 2024 – reservado para Educativo; 28 de agosto – visitação aberta ao público a partir das 13h; 29 de agosto a 1º de setembro – visitação das 11h às 19h
Onde: Espaço State – Avenida Manuel Bandeira, 360 – Vila Leopoldina, São Paulo/SP
Quanto: entrada gratuita. Mais informações em www.artesol.org.br
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Ricardo Carotta / Artesol / Divulgação