Apipucos quer reformar sede do Conselho de Moradores: aulas de reforço

Compartilhe nas redes sociais…

Cortado pelo Rio Capibaribe e com um lago que é o maior da Zona Norte do Recife – porém muito mal cuidado e necessitando de reparos nos equipamento urbanos do seu entorno – Apipucos conta, agora, com o grupo Mulheres LP, que tem o objetivo de lutar pela sustentabilidade do bairro, com foco na educação, cultura, arte, agroecologia e bioarquitetura. O grupo surgiu em 2020, como fruto do trabalho do Luila e Pretinha Cineclube, que muito movimentou a comunidade antes de ter início a pandemia. Os encontros aconteciam sempre na sede do Conselho de Moradores de Apipucos, que fica na Rua Caetés. A casa precisa de reforma, motivo pelo qual foi instituída uma vaquinha. A sede tem sido usada para ajudar crianças que estão em dificuldade porque não conseguiam acompanhar as aulas à distância.

O dinheiro arrecadado também servirá para compra de cestas básicas, para as famílias que entraram em maior dificuldade com a pandemia. O link para a vaquinha é o https://www.catarse.me/mulhereslp. A ideia é formar uma rede de apoio para investir na tentativa de garantir que ninguém passe fome na comunidade, e que possa recorrer a seus direitos na sede do Conselho.  O LP é fruto de diálogo entre as integrantes do grupo, durante o isolamento social. Na pandemia, Conceição Ferreira e Adriana Bezerra, que hoje trabalham como educadoras no projeto “É hora de Aprender”, perceberam que algumas crianças não estavam conseguindo acompanhar as aulas por EAD, já que não tinham o equipamento necessário para se conectar às classes virtuais.

Residente em uma das margens do Açude de Apipucos, Dona Noêmia foi abordada em vídeo do Cineclube Luila e Pretinha, porque diariamente ela alimenta … um jacaré.

Então resolveram usar a sede do Conselho para aulas de reforço. “Juntamos meninos e meninas e começamos a ensiná-las com segurança, com máscara, álcool em gel, ganhamos internet por uma doação, conseguimos cadeiras, mesas, tudo doado”, conta Adriana. “Tínhamos então cerca de 25 crianças em diversos horários estudando conosco, respeitando-se o distanciamento social”. Ela conta que eles recebem ajuda nas tarefas da escola,  principalmente porque as famílias da comunidade com muitas crianças em casa, e não conseguiam suprir esse papel para os filhos.  A vaquinha é para fazer reparos na sede do Conselho, dando continuidade às atividades de formação, além de distribuir cestas básicas, dentre outras atividades emergenciais.

“Hoje o grande desafio do projeto é o espaço, tivemos um ano com muitas chuvas e ele está bem deteriorado, atrapalhando os trabalhos no local”, afirma Conceição Ferreira. O desejo do grupo é desenvolver metodologias participativas comunitárias, inclusive de Economia Solidária, para partilhar e seguir aprendendo com outras comunidades que estejam em seus processos de resistência. Dona Luíla e Dona Maria Pretinha, que dão nome ao projeto desde a criação do cineclube no território, são mulheres que marcaram a comunidade de Apipucos. Dona Luíla, 86 anos, é professora e alfabetizou voluntariamente centenas de crianças. Dona Maria Pretinha acolhia jovens e crianças em sua casa e ajudava a diminuir a fome na localidade, dividindo o seu alimento com outras moradoras.

Principal cartão postal do bairro, o Açude de Apipucos já foi fonte de alimentos da população com pesca farta. Hoje está poluído.

A reforma da sede do  Conselho já tem quem ajude. Duda Freyre, Alice Nóbrega e Bea Gomes resolveram colocar em prática seus aprendizados a partir do curso “Pequenas Casas Ecológicas” do “Sem Muros Arquitetura Integrada”. Elas convidaram Helena Ruette (SP) e Iazana Guizo (RJ – arquiteta da “Terceira Margem Arquitetura e Singularidades”), para colaborar no processo de formação e fortalecimento de um canteiro de obra feminista no território. A ideia é que a reforma do Conselho aconteça de forma coletiva, com a participação das moradoras engajadas no projeto, junto com arquitetas, bioconstrutoras e educadoras. Alice Nóbrega, jovem arquiteta da equipe, explica um pouco do conceito: “A intenção é priorizar o emprego de materiais locais na obra. Pretendemos usar bambu, matéria prima existente em Apipucos, à qual temos acesso, e vamos avaliar a possibilidade de uso de terra crua. Queremos aproveitar o conhecimento das moradoras envolvidas com o Conselho e apresentar algumas técnicas de bioconstrução e permacultura para construção de espaços”, afirma.

Leia também
Cineclube ao ar livre em Apipucos
Apipucos ganha farmácia viva
Farmácia viva e audiovisual: produção coletiva em Apipucos
Cineclubes: a conexão Brasil – Alemanha
Apipucos tem Movimenta Cineclubes: mudanças climáticas em discussão
Bairros ganham Movimenta Cineclubes
Parque Apipucos totalmente detonado
Parque Apipucos começa a desabar
Parque Apipucos sofre incêndio
A Serra Pelada de Sinha é só riqueza
Sessão Recife Nostalgia: Antônio Gomes revive o passado de Apipucos
O abandono do Açude de Apipucos e o pier que nunca foi concluído
Conheça melhor as  25 unidades de conservação da natureza no Recife
Açude de Apipucos virou um lixão 
Açude de Apipucos: toneladas de lixo
Metralhas poluem Apipucos
Parem de derrubar árvores (119)
Parem de derrubar árvores (65)
Açude de Apipucos ganha pracinha
Açude de Apipucos ganha equipamentos urbanos

Fauna urbana: Dona Noêmia e o jacará amigo do Açude de Apipucos
História de amor: o Gari e a “Princesa”
A peleja de Princesa com o jacaré

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: LP Luila e Pretinha

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.