É uma tristeza, mas é verdade. Cinco por cento dos animais que chegam ao Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco, o Cetas Tangara, apresentam mutilações, decorrentes – muitas vezes – do tratamento dispensado por almas sebosas que atuam no tráfico. São aves com asas quebradas, sem perna, faltando um bico. Nem os jabutis escapam dos maus tratos, e um deles possui o casco queimado. Alguns precisam de próteses. Pois agora vem a boa notícia. O Cetas acaba de receber uma impressora 3D (Dee Green), que vai possibilitar mais qualidade de vida aos bichinhos. Eles ganharão os pedaços que estão faltando.
E o que é bom: o equipamento chegou a custo zero à Agência Estadual do Meio Ambiente (Cprh), devido a uma articulação com a Receita Federal em Pernambuco e em São Paulo. A máquina havia sido apreendida em ação de combate ao contrabando. Foi firmada uma parceria com o Cetas e a Universidade Federal Rural de Pernambuco, e as pesquisas para o desenvolvimento das próteses já tiveram início. Viva! Com isso, o Cetas Tangara torna-se pioneiro nesse tipo de iniciativa no Brasil. Para nós, aqui do #OxeRecife, o Cetas já é referência na área e com certeza, é o melhor do Nordeste. Chega até a receber animais de estados vizinhos e até “repatriados” de São Paulo.

As pesquisas começaram recentemente e envolvem um jabuti de nove quilos, que teve o casco queimado (é muita maldade, não é?). Também serão beneficiados dois carcarás. Um está sem a parte inferior do bico. Você já se imaginou sem seu lábio inferior, sem poder comer, beijar, beber direito? É o caso desse gavião. E o outro carcará perdeu uma patinha, está perneta. Vai ganhar uma prótese.
Normalmente esses bichos são vítimas de seus irmãos, animais humanos, totalmente desumanos, que queimam as matas. Ou que os embalam de forma indevida para o comércio ilegal, e terminam por maltratá-los. Agora pesquisadores da Ufrpe e da Cprh, com o uso do equipamento, trabalham para o desenvolvimento de próteses para os bichinhos. História boa, que rende até enredo para livro infantil, tipo A Festa na Floresta, com retorno de animais recuperados aos locais de origem. Anotem esses números: entre janeiro e junho de 2016, o Cetas recebeu 5.665 animais. Destes, 3.974 foram devolvidos à natureza, de acordo com o Presiidente da Cprh, Eduardo Elvino.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Jonathas Brito / Divulgação / Cprh