Tradicional trincheira de resistência contra estrangeirismos e contra o lixo musical, a Passa Disco abre as portas na noite dessa quarta-feira (4/12), para o lançamento do CD Amizade67, de Maurício Cavalcanti, figura conhecida dos nossos carnavais, dos blocos líricos, das la ursas e também do cancioneiro carnavalesco. A festa tem inicio às 19h. E a Passa Disco fica na Rua da Hora, 345, no Espinheiro. O CD tem 13 faixas de diversos gêneros musicais, na verdade um desdobramento de um outro trabalho, o Folia Geral por ele lançado em festa no mesmo local, em fevereiro deste ano.
O novo CD tem arranjo e direção de Cláudio Nascimento e Parro Melo, contando com participação de vários músicos e intérpretes convidados. Enquanto o Folia Geral foi voltado todo para repertório carnavalesco, o Amizades67 é mais eclético, “com variados estilos musicais e influências de diferentes épocas de quando iniciei a vida de compositor”, de acordo com o próprio Maurício, que no CD tem “viagem” que começa ainda nos anos 60, sob a influência da Bossa Nova. É ele mesmo que define as influências, de acordo com algumas da faixas do CD.
“São influências da Bossa Nova, durante a segunda metade dos anos 60 (Chuva Guia). Dos anos 70, com os sambas de Paulinho da Viola (Sonho Bom e Zêlo)”, lembra. Mas há, também, recordações dos tempos de adolescente, quando residia no bairro de Casa Amarela, onde havia uma rua onde moravam ciganos. Chamada no século passado de Beco Sabino e hoje de João Barbalho, tornou-se conhecida na época como Rua dos Ciganos. “Ali moravam os Tairovic, o que rendeu a música Sina Cigana, feita em parceria com Abel Menezes, nos anos 80″, informa. Dos anos 1990 ele traz a valsa Clara.
Dos tempos atuais vêm Muriçocas Encardidas (frevo canção, em parceria também com Abel), Vitória Régia (frevo de bloco, em parceria com Marcelo Varella), Maria (ciranda) entre outras. “Este projeto propõe uma trajetória musical autoral, carregada de afetos e vivências em épocas diferentes, que acabaram batendo na porta do endereço Amizade67. Maurício Cavalcanti é, também, um dos autores do livro Burle Marx e o Recife, no qual justamente com Ana Rita Sá Carneiro e Lúcia Maria Veras mostra 15 jardins do Recife que têm a assinatura do famoso paisagista Burle Marx (1909- 1994). Os 15 foram transformados por decreto municipal em jardins históricos.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação