Quando se fala em educação na rede oficial – seja municipal ou estadual – o espaço que a gente vê na imprensa oficial é sobre robótica, o programa Ganhe o Mundo, ou providências para preparar a meninada para o Enem. Devem dar Ibope para os governantes. No entanto, há iniciativas muito interessantes. E que pouco falam delas. Uma é o Projeto Interagindo com a História do seu Bairro, desenvolvido em parceria entre o Programa Manuel Bandeira de Formação de Leitores e a Fundação Joaquim Nabuco. O PMBFL existe desde 2006, para motivar o hábito de leitura entre os alunos das escolas municipais do Recife. Já a Fundaj, órgão federal, todo mundo conhece.
E o Projeto Interagindo com a História de Seu Bairro tem rendido frutos. É assim: um determinado número de alunos de cada escola fica responsável por pesquisar e escrever a história do seu bairro. Depois, juntam informações, mapas, fotografias e confeccionam livros. Eles contam com a ajuda dos professores e de especialistas da Fundaj. Em 2016, dez bairros foram pesquisados. Em 2017, a mesma coisa. Eles renderam 20 livros artesanais (alguns belíssimos), que serão posteriormente editados como livros comuns e distribuídos às bibliotecas de escolas municipais e estaduais. Cada bairro contará com uma edição de mil exemplares, segundo Nadja Tenório Pernambucano, Coordenadora da Biblioteca Blanche Knopf, da Fundaj. Os trabalhos também têm o texto adaptado, para figurar no site Pesquisa Escolar On Line, da Fundaj.

Entre os bairros da última fornada de livros artesanais, encontram-se Areias, Casa Amarela, Engenho do Meio, Sítio dos Pintos, Campina do Barreto, Imbiribeira, Alto Santa Terezinha, Ibura, San Martin, Santo Amaro, segundo a Coordenadora do PMBFL, Ivana Cavalcanti. Estive na Fundaj, no dia do lançamento dos livros artesanais, e fiquei encantada com a dedicação dos professores e também da meninada. No caso do Sítio dos Pintos, o trabalho além de render o levantamento da história do bairro, deu origem a um blog feito pelos alunos da Escola Mundo Esperança.
“É um trabalho inovador, que leva os alunos a terem um olhar diferente sobre o seu bairro. Antes, só vinham coisas negativas. A iniciativa despertou neles um olhar mais crítico, por uma vida melhor. O bairro é lindo, verde, mas não possui uma praça nem um parque”, diz Gisele Pereira, professora da Escola. “Acredito que estão mais atuantes e participantes”, afirma Greezy Duque, Vice Gestora naquela unidade de Sítio dos Pintos. “A confecção de livros despertou grande interesse nos alunos, e acredito até que alguns descobriram futuras vocações como ilustradores”, conta a Vice Gestora da Escola Draumiro Chaves Aguiar, da Zona Norte. Em 2018, segundo a Fundaj, os 20 livros serão publicados, editados e distribuídos na rede oficial. Que bom!
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
Maravilhosa matéria Leticia! Ficamos felizes com com o reconhecimento de tanto esforço e dedicação, obrigada querida👏👏👏👏💖💋💋💋
Parabéns, Letícia, por valorizar a cultura dos bairros e mostrar para o mundo essa iniciativa tão linda 👏
Obrigada, Andei lendo os livros e acho que tem pano para as mangas. Vou voltar ao assunto, Christiane, e muito obrigada pelo incentivo.