Almério é um absurdo

Compartilhe nas redes sociais…

Um absurdo, esse tal de Almério. Ainda mais em um palco com outro gênio, Juliano Holanda. Aí, foi um absurdo duplo. E dos bons. No sábado, no Museu do Estado, em mais uma edição do maravilhoso Projeto Ouvindo e Fazendo Música, onde só se oferece coisas boas à plateia. E a preços inacreditáveis: R$ 3 e R$ 6. Pois os meninos deram um show. Eu nem ia sair de casa, já que chovia muito à tarde. Era água que não acabava mais. Mesmo assim, fui. Queria ver Almério ao vivo. Mesmo sem banda completa. Só ele e o violão do virtuoso Holanda, um dos seus parceiros musicais.

Quando cheguei lá, era gente que não acabava mais. O próprio Almério surpreendeu-se com tanto público, por conta da grande chuva. “Gente, eu não acreditava que com essa chuva, viessem tantas pessoas. Muito obrigada”. Mas, aí vai um recadinho para o cantor: a gente é que agradece. Pensem em uma tarde divina. O cara é bom de palco, tem um vozeirão, carisma, leveza –  às vezes, lembra um pássaro levantando asas – e, de quebra, aquele jeitão andrógino moderninho, que é a cara do século 21. Então, tem tudo para estourar. Se duvidar, já chega pronto, no Rock in Rio,  onde vai dividir palco em setembro com Liniker e Johnny Hooker.

Almério estava apressado, desculpando-se com o público, porque ia a Caruaru, a convite de Elba Ramalho. “Eu disse que ia lá assistir o show, mas ela me chamou para cantar com ela”, comemorou. Pois posso dizer que Almério é tão bom quanto. Sem exagero. Quem viver, verá. E não é só isso não. O cara compõe também. É autor de versos viscerais. “Prá quem sabe caminhar sem ter pressa de chegar / Um tropeço pode ser um passo / Um abraço pode ser um bom começo / Prá quem sabe se virar do avesso”, canta, em Avesso. E em Eu não sou do amor, lá vai ele: “Engoli uns pregos / rasguei cotovelos / provoquei dilúvios / arranquei cabelos / Eu não sou do amor / Não nasci prá isso/ Eu que já nasci apulso / Me prendi nas redes / que você teceu”.

Pode ser que alguém ache brega esses versos. Mas ficam cult no palco, com Almério. Gostei do cara. É bom. É bom não, é ótimo. Um absurdo de bom. Vai longe, esse menino.  E aí vão mais algumas pérolas, do canto poético desse novo astro da movimentada cena pernambucana: “Nesses dias em que é necessário/ colocar toda a mobília de casa para fora / Prá fazer a faxina detalhada / e limpar bem os quatro cantos da alma”. E aí,  o cara é bom ou não é ? Ia comprar seus Cds , lá no Museu do Estado. (Sim,  eu ainda uso Cd, e ainda tenho até LPs)  Mas não o fiz porque sou fiel à Passa Disco, e vou pedi-los ao meu amigo Fábio Cabral de Melo. Alô, alô, Fabinho, guarda aí prá mim o que tiver de Almério. “Desempena”!, gritavam fãs durante o show. Desempena é o segundo CD do cantor de Altinho, cidade localizada a 168 quilômetros do Recife. Já já, Almério não é de Altinho nem de Pernambuco. É do Brasil.

Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

Continue lendo

“Hoje tem espetáculo” exibe “Campo de Alinhamento” com acesso grátis

Conservatório comemora 95 anos com encontro de Música de Câmara

Carlos Sandroni ganha merecida homenagem na UFPE na quinta (21/8)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.