Sei não, mas acho que já está no tempo de se tomar alguma medida mais enérgica, para se evitar que banhistas continuem sendo atacados por tubarões, como aconteceu no último domingo, quando o estudante José Ernesto Ferreira da Silva, 18, foi atacado pelo peixe e terminou morrendo na segunda.
O local do incidente é exatamente o mesmo onde em abril, o ambulante Pablo Diego Inácio de Melo, 34, perdeu uma perna e uma mão, pelo mesmo motivo. Lembro que, quando criança, veraneei algumas vezes em Piedade e, já naquele tempo, os nativos recomendavam para que não se tomasse banho de mar perto da igreja devido aos tubarões.
Falavam até na história de um padre, me parece que daquela própria igreja, que morreu ao ser atacado pelo animal. O que não falta, ali, é placa de advertência. Mas as pessoas – como foram os casos de Pablo e Ernestor – ignoraram os avisos. No caso do segundo, a própria mãe tinha lhe pedido que não mergulhasse ali, pois ela mesma já testemunhara tubarões nadando na área. Tenho amigos que frequentam aquela área e que também já viram o peixe rondando, pois as barbatanas, muitas vezes, aparecem na superfície.
“Não entre na água, que não é para a gente, fique na areia”. Esse, segundo Elisângela dos Anjos – mãe de Ernesto – foi o conselho que dera ao filho, para evitar aquele tipo de acidente. Mas o rapaz não atendeu, e terminou sendo vítima de quatro descuidos que lhe foram que lhe foram fatais: 1- Estava tomando banho de mar em área muito imprópria, por ser de mar aberto. No Recife, isso não é recomendável em nenhuma praia. É suicídio desrespeitar essa regra. 2- O horário não era apropriado, porque – segundo os cientistas – é no início da manhã e no final da tarde que o tubarão fica mais ativo. 3- O mar não deve ser enfrentado com água turva, mas sim quando está cristalina. 4- O banhista afastou-se mais do que devia da areia. No Recife, como dizem os bombeiros, “água no umbigo é sinal de perigo”.
Sou praeira, adoro a praia, o banho de mar e frequentadora assídua de Boa Viagem. Mas me recurso a dar um mergulho em áreas de mar aberto. Mas estou cansada de ver bombeiros pedindo a banhistas para que não sejam tão afoitos. Já vi bombeiro entrando com boia no mar, para tirar banhistas de locais impróprios e propícios a ataques. E não são poucos casos não. São diários, frequentes. Mas ali, em Piedade, tem mais é que interditar, colocar uma corda avisando que o local é um grande risco. Porque é mesmo. E a área é considerada assim, não é de hoje. Em Hong Kong vi algumas praias estreitas, como da Urca, no Rio, onde foram colocadas telas, para impedir o acesso de tubarões à área de banhistas. Aqui no Recife, já se falou muito nisso. Mas como a orla é muito extensa, penso que operacionalizar esse sistema nem seria prático nem eficiente. O que o pessoal tem que fazer é evitar o mar aberto. Com o caso de domingo, somam 65 os ataques, com 25 mortos, em 26 anos. E mais de um óbito por ano por conta de tubarão é muita coisa.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife