O povo agora só pensa em carnaval. Mas não posso deixar de dar uma notícia boa. O Açude de Apipucos – um dos cartões postais do Recife – está ganhando novas obras de urbanização. Infelizmente, só agora. O lago, que poderia estar para a nossa cidade, como a Lagoa Rodrigo de Freitas para o Rio de Janeiro, é vítima do abandono. E também de mais uma obra pública inconclusa. Pois ele integrou o Projeto de Reforma, Ampliação e Requalificação dos Parques de Apipucos, Caiara e Santana, orçado em R$ 36 milhões. Mas do conjunto de promessas, só o Santana foi concluído de fato.
Os demais não foram entregues, ou apenas parcialmente. No caso do Açude, faltou o píer (só ficaram as colunas de concreto, que servem de poleiros para as garças), as passarelas de madeira, e a pista ao seu redor. Até as seis toras de madeira de lei que seriam utilizadas nos serviços, sumiram inexplicavelmente do local, em 2015, depois de passar meses sob o sol e a chuva. Pois agora a Prefeitura está investindo R$ 80 mil na implantação de equipamentos urbanos naquela lagoa: meio fio, área de contemplação com jardins e mesinhas. E ainda iluminação mais eficiente.
Na verdade, bom mesmo, seria se ali, na beirinha dele, tal qual o Cais do Imperador, fosse implantado um serviço legal, como uma cafeteria, ou uma casa de sucos. Um local gostoso para se parar, se conversar, de tomar alguma coisa. Ao seu redor, até existem dois bares, que ficam vizinhos a um posto de gasolina. O Açude é belo, tem ainda verde em suas margens e, de vez em quando, pintam jacarés e capivaras às suas margens. Sei disso porque moro perto dele, e ando sempre ao seu redor. Também é usado para pesca pela população. É preciso que a Prefeitura remova carcaças de carros às suas margens, e que se faça um trabalho de educação ambiental na área para evitar que esse patrimônio do bairro permaneça poluído e continue tão ameaçado.
O Açude de Apipucos, caso não fosse poluído nem recebesse dejetos domésticos, poderia ser mais uma alternativa de lazer para a comunidade da Zona Norte, inclusive com banho. Pois ele fica em um nível mais elevado do que o Capibaribe, onde despeja suas águas, por meio de um sangrador, não recebendo, portanto, a carga infelizmente poluidora do nosso Rio. O Açude possui uma lâmina de água de 60.500 metros quadrados, suficientes para refrescar a temperatura do bairro, onde há resquícios de Mata Atlântico.
E também está assoreado, como relata a leitora Maria José Valença. “Passo todos os dias, e vejo as garças brancas. Elas ficam em pé no meio do Açude”. E acrescenta: “Ou seja, a lama e o assoreamento estão matando o Açude. Será que os órgãos de Meio Ambiente não vêm o que está acontecendo?”, indaga. Ela acha, inclusive, que no inverno, a coisa vai ficar feia. “Quando as chuvas chegarem, a situação vai complicar, pois do jeito que está, as águas vão invadir a Avenida (17 de Agosto) com muita facilidade”. Ainda bem que o Açude não está totalmente esquecido, e desde a semana passada, homens da Emlurb trabalham nas obras, da chamada Operação Verão. A expectativa é que tudo seja entregue no mês de março. Tomara que ele fique lindo e verde. E limpo. Mas aí, já é sonhar demais.
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife