Açude de Apipucos está à beira do colapso e precisa de socorro. Urgente!

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É uma pena que um dos principais cartões postais do Recife esteja entregue ao descaso por culpa não só do déficit de coleta e tratamento de esgoto, mas também pela falta de educação da população.  É o que acontece no outrora piscoso Açude de Apipucos, onde até a década de 1970 a população costumava se refrescar em banhos de água cristalina. Moradores do bairro em que habito falam com nostalgia dos tempos em que o lago, mesmo sem os equipamentos urbanos que possui hoje, era visto como a principal opção de lazer da comunidade.

Atualmente, o Açude recebe uma carga descomunal de esgoto doméstico e não é pequena a quantidade de descartes indevidos por parte dos próprios moradores. Basta dizer que pelo menos mil quilos de detritos são retiradas por dia de suas águas. Vejam só a cena na foto acima: tralhas, mobílias velhas, e até restos de comida. O pior é que mesmo com a Prefeitura do Recife (através da Emlurb) recolhendo o lixo, inclusive com a ajuda de um barco, a sujeira volta a aparecer na mesma quantidade (ou mais, em dias de chuvas) na manhã seguinte. Além dos resíduos sólidos, há o despejo diário de esgoto que também tem prejudicado a qualidade de sua água. E, nesse caso, a Emlurb não tem como limpar.

“Enxugando gelo”: Diariamente Emlurb limpa o lago, mas no outro dia a sujeira aparece na mesma quantidade

O fato é que o despejo constante, além de poluir a água, vem assoreando  o Açude, o que é visível na observação de garças que  o frequentam em busca de alimento. É que mesmo à distância das margens, muitas delas conseguem andar tranquilamente com água  que não chega à altura das penas dos seus corpos.  E a  fauna original – começa a rarear, incluindo a antes rica variedade de peixes. Hoje quase reduzidos às tilápias, que são mais resistentes à poluição. Ainda são observados jacarés às margens ou  na água, mas capivaras também estão cada dia mais raras.

Carcarás são vistos , assim como algumas espécies de pássaro: lavadeira, bem-te-vi, pardal, sanhaçu. Mas viuvinha, marrecos e  pato-do-mato estão cada vez mais escassos, assim como o tetéu e o mergulhão, antes abundantes no entorno do lago. Recentemente a Prefeitura dotou o Açude de novos equipamentos: píer, bancos e mesinhas, plantas decorativas e até uma escultura tripla com três  capivaras. O píer virou local instagramável, porém pescadores e adeptos de nautimodelismo se queixam que não há banquinhos no píer para que possam contemplar a paisagem e acompanhar a circulação dos barcos em miniaturas, que circulam ali aos domingos. Eles levam banquinhos para se sentar enquanto manipulam os controles remotos.

Fora disso parece que recolher o lixo todos os dias é mesmo que enxugar gelo, pois a população precisa mais é de educação ambiental e preventiva, para evitar que o lago – que integra  sub-bacia do Capibaribe- seja poupado de tantos resíduos orgânicos e materiais descartáveis, como plásticos, latas e todo tipo de tralha. Infelizmente parece que o principal não está sendo feito: os riachos que  deságuam no Açude chegam com carga pesada de esgoto  e também não contam com redes que possam servir como barreira ecológica, evitando que os nele deságuam levem tantos detritos para as suas águas. Infelizmente, no Recife, a vida está assim. Onde tem água – rios, lagoas, açude, riachos (que hoje são canais)- não passam de esgotos a céu aberto. Ou seja, tudo que é feito – capivaras coloridas, pier, banquinhos e mesinhas – não passam de maquiagem. Porque o problema maior não se resolve nuuuuuunnnnnca!

Pelo “passeio” das garças, percebe-se o assoreamento do Açude de Apipucos, cartão postal da Zona Norte

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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“Só os incautos não viram que o Açude de Apipucos está em estado falimentar”

3 comments

  1. Este espaço verdadeiramente democrático é uma lição de Administração e Cidadania aos Gestores Públicos de nosso Estado. Somente incautos não viram que o Açude de Apipucos está em estado falimentar, sujo, desprezado, e com sinais de abandono que fede a Gestão Temerária ou Criminosa. No meio de tantas Cessões de Espaços Públicos pertencentes ao Município aproveito para deixar uma pergunta ao Prefeito, Câmara de Vereadores, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado sobre esses Modelos de Cessão e de Gestão Pública/Privada , me preocupou ao ler que as Empresas participantes tem somente um Capital de R$ 1.000,00 (um mil reais) , isso mesmo, e ficou no ar ao ler também que somente em um Parque desses cedidos essa Empresa vai Investir mais de 400 milhões de reais, e ficam as perguntas…Com um Capital Social tão pequeno, onde essa Empresa vai conseguir 400 milhões de Reais para tal Investimento ??? Se vai adquirir Empréstimo para seus Investimentos diante de tantos Parques Cedidos pelo Município, será que os Bens Públicos pertencentes ao Patrimônio Imóvel do Município serão usados como Garantias para Esses Empréstimos ??? Peço por favor aos Poderes Públicos do Município que me respondam essa questão preocupante, pois diante do abandono dos Bens Públicos do Recife, temo que a Cidade além do abandono sofra perdas Patrimoniais Públicas sérias para seu futuro. O Açude de Apipucos perante esse caos deve também ser cedido já que Administrar o Recife virou transferir a Cidade e seus Espaços Públicos para entes Privados facilitando assim se Investir Bilhões em Marketing na Gestão Municipal onde os Cofres Públicos da Cidade se esvaziam com a Cidade sofrendo carências de Intervenções Mínimas em sua Estrutura Urbana e Patrimonial. Nossa Senhora do Carmo, Abre Teus Braços e Acolhe o Recife Ó Mãe, Plenamente, Amém !

  2. É triste ver em um pequeno espaço de tempo, menos de 50 anos, um local tão lindo, uma paisagem de cartão postal, virá um local com fedor insuportável. Descaso do poder público em liberar ou deixar construir moradias sem o menor projeto de urbanização. Casas foram construída sem redes de esgotos as margens de várias nascentes. CORH, Prefeitura, fazendo vistas grossas atrás de votos. O crime continua, maquiagem pra esconder o real problema.

  3. Lamentável a situação do Açude de Apipucos. E,mais revoltante, é total incapacidade da prefeitura em gerir o espaço ,permitindo a cessão do Açude e entorno à empresa privada, sem qualquer transparência quanto às diretrizes a serem adotadas.Sem falar que são empresas que,como bem disse o sr.Edjailson Xavier,dispõem de capital de 1.000.00 .Realmente ,também gostaria que o Ministério Público, TCU e outros explicassem essa mágica numérica e dessem um freio nesse projeto infame de privatização que tem interesses escusos ,obscuros e altamente nocivos .É um escárnio e um escândalo.

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