Semana passada, estava caminhando pela Praia de Boa Viagem, quando resolvi mudar de barraqueiro, já que o sargaço se espalhava pela areia, na área onde costumo ficar, próximo à esquina da Rua Ribeiro de Brito, último local onde os arrecifes desaparecem, quando a maré está subindo. Ao sentar em uma cadeira, o atendente avisou que a consumação mínima seria R$ 20. Como só tomo água de coco na praia a R$ 5 cada , teria que tomar quatro, para ter direito a ficar sentada para banho de sol. Certo? Errado. O nome disso é exploração (aliás, também no preço, já que em Salvador, um coco verde na praia Porto da Barra é R$ 1,99).
Cobranças extras, que acontecem principalmente com turistas, desencadearam fiscalização do Procon, nas praias de Boa Viagem e Pina. O objetivo da ação é verificar as taxas de cobrança abusivas praticadas por barraqueiros pelo uso de mesas e cadeiras naquelas duas praias da Zona Sul. Se o barraqueiro vende alimentos e bebidas, ele é legalmente impedido de cobrar pelos assentos. Ou seja, o banhista paga o que consome. E só. Agora, se o barraqueiro tem cadeiras e mesas disponíveis só para aluguel, o banhista ou turista pode pagar uma taxa pelo uso. Por enquanto, a ação é apenas educativa. Ou seja, os barraqueiros serão orientados quanto às cobranças e aos serviços prestados à beira-mar. Os comerciantes que reincidirem na proibição serão notificados.
Se uma ação dessa pode se feita, porque a Prefeitura não desencadeia uma outra para educar, notificar e punir os ambulantes que emporcalham a areia? Todo mundo vê, todo mundo sabe quem é, só o poder público que parece não enxergar o abuso. Como, aliás, ocorre em todos os cantos do Recife, quando o assunto é descarte irregular de lixo. O certo seria: educar, notificar, multar. E, em último caso, cassar o registro de quem não deu destino correto descarte ao lixo. Queria ver, se todo mundo não entrava na linha…
Embora Boa Viagem seja uma excelente praia – apesar dos tubarões – deve afugentar muitos turistas. Porque depois de meio dia, há áreas que parecem um chiqueiro, já que tem barraqueiro que joga detritos na areia. Há pontos críticos no Jardim Dois, no Pina e nas proximidades do Tulip Hotel, área muito frequentada por turistas, incluindo estrangeiros. Outro problema muito grave é a poluição sonora. Esta incomoda os nossos ouvidos mas, pelo menos, não suja a areia nem coloca em risco a fauna marinha. No final de semana, nas áreas onde havia sargaço, era fácil ver o tamanho do estrago provocado pelos porcalhões: plástico era só o que tinha, enganchado na vegetação: garfinhos, colheres, copos, garrafas, sacolas, canudinhos assassinos do mesmo material que, claro, voltariam ao mar..
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Divulgação/ Procon/ PCR