Com certeza, a falta de segurança é um dos fatores que afasta a população até mesmo do hábito anterior de fazer compras no centro do Recife. A gente anda pelos bairros de Santo Antônio, pelo circuito vuco vuco do de São José e raramente se defronta com agentes de segurança, sejam guardas municipais ou da Polícia Militar. Eles até que aparecem, como ocorreu nessa quarta-feira. Mas isso ocorre quando acontece uma tragédia de grande repercussão, como o assalto que resultou na morte do turista alemão Werner Duysen Gurkasch, 81, abordado e derrubado há uma semana por marginais, no Pátio do Carmo. O estrangeiro, que bateu com a cabeça no chão, morreu hoje. Assaltos e agressões são constantemente relatados por comerciantes e frequentadores do Centro. Mas até agora, nenhuma medida efetiva havia sido tomada para evitar que o problema se agravasse.Hoje, porém, várias equipes de PMs foram observadas no centro. Será que permanecem, após passar o calor da notícia?
O documento do MPPE, que também aborda a questão da segurança, foi encaminhado pelo Promotor de Justiça José da Costa Soares, que é Coordenador do Núcleo de Peservação do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Ministério Público de Pernambuco (NPHAC-MPPE). E toma por base os resultados de encontro para discutir o assunto, no caso o Fórum Centro do Recife: Desafios e Soluções, realizado em 25 e 26 de julho . O documento é um resumo construído coletivamente, a partir de propostas discutidas no fórum. E apresenta diretrizes para que o poder público tenha uma linha de atuação para encontrar a solução de problemas tão graves. “O MPPE deu um grande passo para resolver um problema que aflige a sociedade, pois temos em mãos considerações que precisam ser concretizadas, que vão desde o cuidado com o patrimônio histórico e os espaços urbanos à proteção das pessoas mais vulneráveis. O MPPE tomará as medidas necessárias para atuar nesse processo”, afirma a Subprocuradora Geral em Assuntos Institucionais do MPPE, Zulene Noberto. Ainda bem que o MPPE está se movimentando, já que nossas autoridades municipais parecem mesmo não ter o zelo devido com o Centro do Recife.

“São conclusões propositivas, objetivas e refletidas após o debate profundo que tivemos no Fórum, com especialistas de várias áreas. O Fórum teve a preocupação de ser propositivo e a Carta aponta possibilidades concretas de transformar a realidade hoje vivida pelo Centro do Recife”, explica José da Costa Soares. “Vamos agora oficiar o documento junto ao Escritório de Gestão do Centro do Recife para somá-lo às iniciativas do Programa Recentro”, acrescenta. Ou seja, iniciativa mais do que necessária, pois enquanto o Recentro até agora só tem a apresentar a festa mensal Viva Guararapes como ação de maior visibilidade, o centro permanece entregue às baratas, com problemas de segurança não só do ponto de vista do cidadão comum, como também do patrimônio público. Deste são roubados desde frisos de cobre das calçadas (como na Ponte Duarte Coelho) até obras de arte (como as 64 peças de 79 que foram subtraídas do Parque de Esculturas Francisco Brennand, defronte ao Marco Zero). Também há absurdos praticados pelo próprio poder público, no caso a Prefeitura, como a subtração de mais de lampiões em estilo colonial da Ponte Velha, que liga a Boa Vista a São José.

A Carta apresenta nove conclusões sobre os temas tratados no Fórum como: Gerência Territorial Permanente; Democratização do Espaço de Decisões; Habitação e Moradia de Interesse Social; Priorização da População em situação de rua; Organização da Assistência Social; Recuperação do Comércio; Mobilidade; Meio Ambiente e Patrimônio Histórico. Entre outros direcionamentos, as conclusões apontam: continuidade do programa de gestão territorial para o Centro do Recife, criação de moradias de interesse social, ações de caráter social para população de rua, política fiscal de estímulo aos corredores de comércio, política ambiental territorializada, educação patrimonial, preservação e fomento para o conjunto arquitetônico dos bairros de São José, Santo Antônio e do Recife, etc. O MPPE tem esperança de que a Carta de Conclusões seja um balizador para que as soluções sejam alcançadas. Veja a íntegra da carta clicando aqui.
E nos links abaixo, você confere mais informações sobre o centro de nossa tão querida porém mal cuidada cidade. Confira informações sobre o Recentro, e sobre as constantes subtrações do patrimônio público do Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Paparazzi e Letícia Lins