Muito linda, a versão musical da Revolução de 1817

A manhã esteve linda, mas troquei hoje o banho de mar por um banho de cultura. Fui caminhando de Apipucos até a Academia Pernambucana de Letras (APL), para assistir ao concerto do Opus Aram Quarteto, quando foi lançado o CD Sinfonia 1817, na verdade a Suíte do Bicentenário da Revolução de 1817.  Havia marcado com o Grupo MeninXs na Rua, para andar. Mas acordei tarde, fiz o percurso sozinha, e terminei me encontrando com os caminhantes, já pertinho da APL. Valeu. O mar tem todos os dias. Porém não é em qualquer domingo que se tem a oportunidade de ver a interpretação musical de um movimento revolucionário tão importante para o nosso Estado.

A Sinfonia 1817 foi escrita pelo músico Múcio Callou para marcar os 200 anos de um dos mais marcantes fatos da nossa história. O lançamento do CD com a Sinfonia 1817 ocorreu na manhã desse domingo, na APL, por iniciativa da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco). O CD vem como encarte na edição 212 da revista Continente, publicação do gênero mais antiga em circulação no país, de acordo com o que informa Ricardo Leitão.  Ele diz, também, que a partir de agora a revista  vai vir, sempre, vinculada a iniciativas culturais, sejam no campo da música, das artes plásticas, do audiovisual.

A Sinfonia 1817 foi composta para flauta, violoncelo, violão e contrabaixo. Mas o concerto contou, também com percussão. A Sinfonia 1817 possui oito movimentos: Prelúdio, Modinha, Eclesiástica, Jongo, Intermezzo, Maracatus, Réquiem aos Mártires e Hino aos Heróis. De acordo com Callou, o último “é uma pequena fantasia sobre temas musicais relacionados aos ideais revolucionários de 1817”. Por esse motivo, possui “citações da Terceira Sinfonia, a Eróica de Beethoven, da La Marseillaise, do Hino de Pernambuco, do Hino da Maçonaria e do Hino do Recife”. O Prelúdio representa o iluminismo, que inspirou movimentos libertários no mundo ocidental.

A Modinha evoca as modinhas brasileiras daquela época, com homenagem aos ícones de 1817.  A Eclesiástica refere-se à participação dos padres no Movimento, com destaque para Frei Caneca. O Jongo reporta ao envolvimento de negros escravizados e libertos no Movimento. Já o Intermezzo é uma reflexão sobre o sonho romântico e o desafio da revolução. Um momento muito forte da Sinfonia é o movimento Maracatus (união, alegria e luta das raças). Já o Réquiem dos Mártires refere-se ao sangue derramado em 1817. O Opus Aram Quarteto é formado por Múcio Callou (violão), Rogério Acioli (flauta), Leonardo Guedes (violoncelo) e Fernando Rangel (contrabaixo). Mas a apresentação contou com percussão (Ricardo Fraga). Ao final, aplausos de pé, em auditório lotado.

Confira no vídeo um trecho do Hino aos Heróis, da Sinfonia 1817:

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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife

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