Um é facilmente confundido com ratazanas, camundongos, gabirus, e chega a ser perseguido pela população. Mas para os torcedores do Náutico, o timbu (foto) é um animal querido, porque tem outro significado: é o símbolo da torcida do time dos Aflitos. Para os biólogos, ele merece todo o respeito: além de marsupial (primo do canguru), é semeador. E tem, portanto, grande função na natureza. Já a cobra coral, com suas três cores, é um animal temido, por ser venenoso. E é símbolo da torcida do Santa Cruz. Na vida selvagem, o animal tem importante papel, até porque serpentes exercem controle biológico de animais como os roedores (ratos), por exemplo.
Pois em uma semana triste para a torcida do Santa Cruz (o time foi desclassificado do pernambucano) e de expectativas para a do Náutico (que nesse sábado, 30, decide sua sorte na Copa Nordeste no jogo com o Vitória da Bahia) uma cobra coral e um timbu se encontraram na Agência Estadual de Meio Ambiente (Cprh). Mas sem duelo entre eles. Os mascotes dos dois times são os dois novos animais silvestres entregues, quase que no mesmo momento, aos cuidados do órgão ambiental. A cobra coral apareceu perto à sede do Refúgio de Vida Silvestre Matas do Sistema Gurjaú (RVS Gurjaú), Unidade de Conservação estadual que abrange áreas dos municípios do Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes e Moreno, na Região Metropolitana. A coral foi resgatada em área de grande movimento – inclusive de estudantes – motivo pelo qual foi entregue à Cprh.
Já o timbu foi encontrado pelo bancário Hugo Rafael Alves, morador da Rua Visconde de Ouro Preto, em Casa Forte, Zona Norte do Recife. O timbu apareceu no momento em que o morador tentava ingressar na residência, após passar pelo jardim. Hugo decidiu levá-lo à Agência para que seja solto em áreas mais afastadas. Em minhas caminhadas, vez por outra me defronto com timbus, por bairros como Monteiro, Apipucos, Casa Forte e sobretudo Dois Irmãos. Já encontrei até timbus caindo de uma árvore, na Praça de Casa Forte, devido a picadas de abelhas. Os filhotes caíam, subiam na árvore, caíam de novo. Liguei para a Cprh, que resgatou os bichinhos que, hoje, já devem ser adultos.
Os timbu e a coral já foram encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres de Pernambuco (Cetas Tangara), da Cprh, onde serão preparados para o retorno à natureza. Parabéns a Hugo, portanto, por ter recolhido o gambá. Afinal, tem gente que persegue esse bichinho. No futebol, o timbu e a cobra coral já travaram importante disputa este ano, em que foi eliminado o Náutico da Copa do Brasil. E poderiam se encontrar em nova decisão nas semifinais do pernambucano, se a cobrinha não tivesse sido eliminada, na noite da quarta-feira (27). E, vejam só, por uma “coruja”, mascote do Afogados, time sertanejo do município Afogados da Ingazeira, município localizado a 370 quilômetros do Recife. A “coruja” derrubou a serpente da competição e agora enfrentará o timbu nas semifinais. No Cetas Tangara, os animais encontram-se em áreas separadas. E, em breve, voltam à paz da natureza, longe do barulho e da disputa acirrada entre as torcidas.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação/ Cprh