A sabedoria ancestral da “griô” Vó Cici

Olhem só quem está de novo no Recife: Nancy de Souza. Nancy? Ninguém conhece. Mas Vó Cici, todo mundo sabe quem é: um poço de sabedoria. Uma das responsáveis pelo braço social da Fundação Pierre Verger, em Salvador, Vó ajudou o fotógrafo francês a catalogar 11 mil fotos que ele fez em suas andanças pelo mundo e, principalmente no Brasil. Por onde passa, Cici lota auditórios, para falar sobre ancestralidade, orixás, as lendas da África, a herança que nos foi deixada pelos antepassados escravizados. Vó Cici chega com a agenda cheia. Nessa quinta (19), ela tem uma série de compromissos. Mas a agenda particular inclui visitas a vários pés de baobás no Recife, a árvore sagrada para os africanos. O roteiro dos baobás foi preparado pelo antropólogo Fernando Batista, que estuda a sacralização da espécie nos terreiros baianos.

Ela acaba de lançar o livro Cozinhando História – Receitas, Mitos e Pratos Afro-Brasileiros  (juntamente com Josmara Fregoneze e  Marlene Jesus da Costa). Nada mais oportuno, portanto, do que incluir o assunto em sua agenda no Recife. Nessa quinta (18), ela é uma das principais atrações do Festival Transborda – Linguagens em Cena, promovido pelo Sesc. Às 19h, Cici estará no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro), para falar sobre A Musicalidade e a Dança Afro-Brasileira no Terreiro Ilé Axé Opô Aganju (Bahia), na Rua Idelsfonso Lopes, S/N. Abordará a musicalidade ancestral, importância e raízes, toques, ritmos e histórias.  Ingressos: R$ 10 e R$ 20.

Na sexta (20), Vó Cici retorna ao mesmo teatro, também às 19h, quando relatará histórias dos orixás e vivências, fala de sua experiência com Pierre Verger e outros saberes. Os preços são os mesmos: R$ 10 e R$ 20. O Teatro Marco Camarotti fica no Sesc Santo Amaro, à Rua Treze de Maio, 455, Santo Amaro. Também na sexta, às 21h13, Cici  participa do espetáculo no Sebo Casa Azul. Será o Terreiro de Vó, e ela é convidada e homenageada. A apresentação foi construída de forma afetiva e poética, a partir de saberes e pesquisas realizadas com o Mestre Assis do Coco Raízes de Arcoverde, Dona Benedita Benzedeira (de Tacaimbó) e Ebomii Cici, griô  da cultura afro-brasileira. Os ingressos custam R$ 15 e R$ 20, com lotação limitada.

A Casa Sebo Azul está em novo endereço: saiu da Treze de Maio para a Rua São Bento, 247, Carmo, Olinda. No sábado, 21, entre 10h e 12h, ela estará ministrando a Oficina Cozinhando História, na qual a partir de receitas, Vó Cici traz a cultura oral para a culinária. Ela contará histórias, enquanto adultos e crianças cozinham com a ajuda de Marlene Costa (uma das autoras do livro). O vivência de gastronomia, afetos e reencontros será no Terreiro Ilé Axé Ogum Megê, para um público a partir de dez anos de idade.  Os ingressos custam R$ 20 e R$ 40. No sábado, ainda, a partir das 16h33m, ela retorna ao Sebo Casa Azul,  para uma tarde de conversa, às 16h33m. O bate papo será regado a cuscuz de tapioca. O preço do ingresso é R$ 20. A programação da griô se estende até o domingo, quando estará de novo no Terreiro Ilé Axé Ogum Megê,para roda de conversa sobre cultura afro-brasileira, dança, musicalidade. O encontro começa a partir das 15h.

Um lembrete: Além de Cozinhando História, Vovó Cici traz na bagagem mais dois livros, que acabam de ser relançados pela Fundação Pierre Verger, Lendas Africanas dos Orixás e Orixás. No Lendas Africanas dos Orixás, a novidade é o áudio com narração de Cici. Em todos esses eventos, os livros estarão à disposição. Os preços são os seguintes: Cozinhando História (R$ 50), Lendas Africanas dos Orixás (R$ 65) e Orixás (R$150). Todos os lucros serão revertidos para a Fundação Pierre Verger, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Fernando Batista / Cortesia

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