A presença de Malala em Pernambuco, a menina que conquistou o Nobel da Paz aos 17 anos

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A paquistanesa Malala Yousafzai tem uma trajetória incomum. Em 2012, tornou-se mundialmente famosa, ao sofrer um atentado, promovido pelo Talibã, organização fundamentalista que atua no Vale Swat, onde a menina morava, estudava e defendia o direito das garotas à educação, do ensino básico à universidade. Para o Talibã, Malala era uma afronta, já que naquele território o acesso à aprendizagem só é permitido aos homens. Pela sua militância em favor de um direito tão essencial, Malala quase morreu, ao ser baleada quando voltava da escola.  Ela passou por cirurgia em outro país, mas continuou sua campanha em defesa da educação. Tinha, então, 15 anos quando sofreu a agressão.  Aos 16 anos, Malala foi convidada a fazer um discurso na sede das Nações Unidas, em Nova York.

E aos 17, tornou-se a pessoa mais jovem da história a ser contemplada com o Prêmio Nobel da Paz. Com o dinheiro do Prêmio, a jovem ativista criou o Fundo Malala, destinado a apoiar atividades de incentivo à permanência das meninas na escola. O Fundo Malala marca presença em Pernambuco, através do Projeto Meninas em Movimento pela Educação, que é tocado pelo atuante e exemplar Centro de Mulheres do Cabo(CMC), que funciona no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana. O CMC  deu início à busca ativa de meninas que estão fora da sala de aula naquele município, localizado a 41 quilômetros do Recife. A ação também visa adolescentes e mulheres jovens, e faz parte da campanha Nenhuma Menina Fora da Escola. E qual o motivo da campanha?

Fundo Malala: Centro da Mulher do Cabo dá início à busca ativa, para que meninas não fiquem fora da escola

É que durante o isolamento social provocado pela Covid-19,  foi feita uma pesquisa que acusou que 95,2 por cento das entrevistadas  desejavam voltar às aulas presenciais. O estudo mostrou que 37,5 por cento das estudantes deixaram de estudar porque não tinham celular com Internet, o que as impediu de acompanhar virtualmente as aulas. Outro problema apontado pela evasão escolar entre as estudantes é a gravidez precoce e a necessidade de trabalhar (14,6 por cento) para sustentar suas famílias. Nada menos de 40 por cento das entrevistadas, afirmaram que as escolas “não ofereceram a estrutura necessária para garantir segurança sanitária no contexto de pandemia”.

Segundo a ativista pela Educação do Fundo Malala, Cássia Jane – que atua no CMC – os resultados da pesquisa foram encaminhados à Prefeitura do Cabo. Além de procurar meninas fora da escola, o CMC disponibilizou um telefone para  professores, colegas, familiares e as próprias interessadas se comunicarem .  A ideia é não só atraí-las de volta à escola, como também auxiliar as que enfrentam dificuldade em acesso às matrículas ou até mesmo de locomoção. “Estamos realizando uma busca ativa para que as meninas a partir dos 12 anos, adolescentes e jovens mulheres que gostariam de voltar a escola e estão encontrando dificuldade para fazer matrícula, de acesso ou de permanência”, diz ela. “Quem estiver com esse problema, favor ligar para 99937.0817 que vamos contribuir para que elas permaneçam estudando, e tendo seus direitos garantidos”, ressalta. Quem se interessar pela vida da ativista paquistanesa, há uma excelente biografia: “Eu sou Malala”, da editora Companhia das Letras. O livro foi publicado antes de Malala virar a mais jovem personalidade mundial a ganhar o Nobel.

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Serviço:
Ação Nenhuma Menina Fora da Escola
Onde: Município do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife
Executor: Centro das Mulheres do Cabo (CMC), com financiamento do Fundo Malala
Telefone de ajuda à Busca Ativa- Nenhuma Menina Fora da Escola (81) 99937.0817

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Detalhe da capa do livro “Eu sou Malala” e Rosana Olegário /CMC

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