Foi tanta confusão, aqui no #OxeRecife, que é preciso explicar melhor onde vai ficar o Atacado dos Presentes que tanta polêmica tem gerado entre os moradores do Poço da Panela, Casa Forte, Santana e bairros vizinhos. Nas redes sociais do Blog houve muito bate boca, sobre o assunto, por conta da postagem da última terça-feira sobre a mobilização de moradores do bairro que não aceitam o lojão (encurtador.com.br/dsyB0). É contra a iniciativa a maioria das manifestações que aqui chegaram. A minoria que é a favor, alega que o empreendimento gerará empregos para a Zona Norte. Teve até gente reclamando, por conta da fotografia de um casarão do Poço para ilustrar a postagem, mas não no terreno onde o lojão será construído. A ideia do #OxeRecife no entanto, era mostrar o ambiente impregnado de passado que ainda reina no bucólico bairro.
Na verdade, postei a foto de um casarão como forma de lembrar que o Poço é um dos poucos do Recife que consegue preservar sua memória. É verdade, no entanto – como alegaram alguns – que o terreno onde a loja será implantada está vazio. Mas não custa nada lembrar que no local já havia ocorrido a demolição de um belo casarão, onde funcionava a antiga Casa de Saúde São José. Era um precioso exemplar da arquitetura do século 19, que se encontrava em processo de tombamento quando foi derrubado. E, com ele se foi não só um pedaço do passado do Poço da Panela, como parte da memória do próprio Recife. Ali inicialmente seria construído um supermercado Carrefour. A gritaria foi tão grande, que o empreendimento não saiu do lugar. E a empresa desistiu da iniciativa.
De acordo com a papelada em tramitação na Prefeitura e já licenciado pela Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife, o Atacado dos Presentes terá 21.072 metros quadrados de área construída, em um terreno com 12.152 metros quadrados. O prédio deverá ter três pavimentos e dois subsolos. A loja ficará de frente para a Avenida Dezessete de Agosto, defronte da Farmácia Pague Menos.
A Avenida Dezessete de Agosto é uma via bastante congestionada e que já vem mostrando sinais de esgotamento com o intenso tráfego que recebe da Zona Norte e Sul, via BR 101. Os moradores do Poço da Panela temem pela mobilidade naquela que é uma das principais artérias da Zona Norte. O lado da loja dará para a Avenida Doutor Seixas, que como vocês observam na foto é uma rua estreita, sem calçamento e aparentemente sem condições de comportar tráfego de mais de 2 mil veículos por dia, quantidade que dobra aos domingos.
A Dr Seixas faz ligação da Avenida Dezessete de Agosto com a Luiz Guimarães (foto maior), que deverá funcionar como uma das vias de acesso ao Atacado dos Presentes. A Luiz Guimarães, que é paralela ao Rio Capibaribe, é uma via estreita pela qual já é difícil hoje, a passagem de veículos (há estacionamento dos dois lados). No pedido de licença prévia enviado à Prefeitura para viabilizar a oba, o Atacado dos Presentes informa que o prédio será cercado por 6.969 metros quadrados de área natural. Ou seja, verde. O documento afirma que há “59 indivíduos arbóreos na área” e que “haverá necessidade de supressão de dez” árvores no terreno a ser ocupado. O #OxeRecife, no entanto, já detectou um bom número de degolas no terreno em questão, fato também reclamado várias vezes entre os grupos de moradores do Poço em redes sociais.
Em mensagens enviadas ao #OxeRecife, leitores reclamam da implantação da obra.”Um absurdo, crime contra o bairro”, diz César Garcia. “Lascou”, diz José Hercílio de Souza. Sobrou também para o Prefeito: “Terrível, o descaso da gestão Geraldo Júlio”, responde Thiago Oliveira. “Responsável: Geraldo Júlio, que odeia o Recife”, dispara Ricardo Carvalho. “Há lugares muito mais indicados”, diz Maria Helena de Souza. Já Roosevelt de Menezes torce pela loja. “Vai gerar empregos diretos e indiretos”. Luciano Salustiano Diniz afirma que a oposição ao empreendimento parte das famílias abastadas que moram em condomínios de luxo no Poço. “Nesse terreno, que fica na Dezessete de Agosto, não houve demolição”, diz ele. “Todo esse burburinho é porque o bairro vai ser frequentado por pobres e a burguesia local terá seu clima bucólico prejudicado”, acrescenta.
“A construção nada tem a ver com depredação do sítio histórico e o problema está no pobre circulando pelo bairro”, assegura Salustiano. Maria Laura Pires dá o troco a Luciano: “Entendo sua visão, mas aqui a discussão é para o patrimônio arquitetônico, pois o Poço da Panela é um sítio histórico e é realmente uma pena a destruição que alguns empresários fazem da nossa cidade”. Além da Casa de Saúde São José – que já foi demolida pela iniciativa privada – há uma outra, também histórica, que está desabando no Poço Panela, no Sítio Donino. Antes circundada por um verde gramado e sem muros, o casarão foi comprado por uma grande empresa que tem unidade fabril em Pernambuco. Pelo menos, é o que dizem no Poço. Depois da aquisição, o casarão secular foi cercado por um muro alto. E… abandonado. Está caindo. Devem estar esperando que desabe para ocupar o terreno com um lojão tipo Atacado. Será?
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
O descaso da governança pública recifense é antiga… fizeram a lei dos doze bairros, mas quantas brechas nela não existem? Quantos lugares agradáveis da cidade se tornaram um verdadeiro caos, com trânsito, barulho, ilhas de calor? Quantas casas belíssimas não foram destruídas, cedendo espaço para um enorme paredão de prédios?Justificam todos os ataques com base no desenvolvimento, mas não há desenvolvimento verdadeiro sem preservação. Desenvolvimento não é sinônimo de destruição. Essa lógica só serve ao retrocesso. Desenvolvimento sustentável se preocupa com a preservação de sítios históricos ou da qualidade de vidas dos habitantes. De todos os habitantes. Não há verdadeiro interesse em gerar empregos para a população de baixa renda, ou sequer interesse em fazer com que ela tenha melhores condições de vida. Quantos funcionários do atacado vao fazer suas compras nesse estabelecimento? Quantos funcionários do gge vão ter condições de pagar uma mensalidade desse colégio? Por que eles não construem unidades em periferias com condições mais acessíveis? O único e verdadeiro interesse é favorecer o empresariado, que por sua vez só se preocupa em ter mais e mais lucro. É esse tipo de situação que me deixa com vergonha de ser recifense, o interesse publico está sempre abaixo dos interesses particulares dos grandes grupos econômicos. A coletividade nem sequer é consultada em empreendimentos de grande impacto. Tudo que fazem é uma simulada participação popular, que independente da sua manifestação, não irá fazer diferença, o empreendimento seguirá adiante, pois assim deseja o empresariado. O estelita é um grande exemplo.
Pernambuco ainda é um grande oligarquia, uma pena que muitos vivem nela sem perceber.
As pessoas falam tanto em preservar patrimônio mas você passar em Casa Forte e ver moradias em ruínas, mas como é pra gerar empregos prá os de baixa renda em segundo vira patrimônio, ninguém lá não teve coragem de fazer uma pintura ou algo para preservar os prédios que eles tantos defendem.
Feito o registro, Edvânia. A comunidade também foi impotente para impedir a derrubada da histórica e tombada cada de saúde São José, onde será erguido o atacadão. O problema não é só o patrimônio mas também a mobilidade, segundo os moradores.