Vejam que coisa mais linda, essa igrejinha, a Nossa Senhora da Conceição dos Artistas, que fica na Avenida João de Barros, em Santo Amaro. A gente, que passa às pressas – de carro ou de ônibus – praticamente não a percebe, no meio da correria. Mas foi andando com grupos que costumam desvendar o Recife a pé, que travei melhor conhecimento com essa graciosa capelinha.
Por duas vezes – com os grupos Caminhadas Domingueiras e o MeninXs na Rua – ela me chamou a atenção. Paramos, olhamos, mas informação que é bom… escassa. Quase nada. Procurei em livros, em guias do Recife, até mesmo em obras sobre artesãos da arte religiosa nos séculos 17 e 18. Nada. Também na Internet, há poucas referências sobre essa capela. Até mesmo na Arquidiocese de Olinda e Recife, à qual recorri, as informações são vagas. O que é uma pena.
Isso, porque a capela é datada de 1678, sendo considerada, portanto, como uma das igrejas mais antigas do Recife. Originalmente pertencia a um engenho, e depois foi doada à Igreja Católica. De acordo com a Paróquia da Soledade – à qual à Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Artistas pertence – o nome não tem muito a ver com frequência de categoria de pintores, escultores, desenhistas. Tem até quem ache que “dos artistas” refere-se à proximidade com o Conservatório Pernambucano de Música, que fica ali na frente. Nada mais falso. Fake, para usar uma expressão da moda.
Informa a Arquidiocese que antes de fazer a doação, os proprietários do engenho solicitaram a artistas da época que esculpissem uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, para colocar na Capela. Conta-se, então, que a escultura ficou tão perfeita, mas tão perfeita, que a população e os moradores das redondezas e frequentadores da capelinha passaram a chamar a Santa de Nossa Senhora da Conceição dos Artistas. No caso, os artistas que a tinha confeccionado. Daí, a origem do nome. Na capelinha, há missas aos sábados (16h) e aos domingos (às nove). Pronto, estão aí bons motivos para conhecê-la. Sem, no entanto, a presença da imagem famosa e histórica da santa, que ninguém sabe que fim levou. Recentemente, andando pelo bairro da Boa Vista, foi que percebi a existência da Igreja de Santa Cecília, essa sim, com muita história. Por isso, acho bom andar. É andando que se descobre as coisas. Inclusive na sua própria cidade.
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Texto e foto: Letícia Lins / #OxeRecife